Levantamento realizado com mais de 93 mil participantes de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental mostra preferência por aulas menos expositivas e com mais “mão na massa”

Em Alagoas, os estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) manifestam preferência por aulas menos expositivas e com maior destaque para abordagens práticas, pelo que indicam mais de 93 mil respostas coletadas pelo MEC (Ministério da Educação) em parceria com o Itaú Social, Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e a Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação).
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Estudantes de Alagoas querem mais aulas práticas nas escolas
O levantamento estadual faz parte do Relatório Nacional da Semana da Escuta das Adolescências, que traz as percepções dos alunos sobre suas identidades, diversidades e obstáculos à participação, estimulando gestores, professores e comunidades a promoverem escolas mais inclusivas e transformadoras.
“As vozes dos adolescentes de Alagoas são um chamado para construirmos escolas que respondam às suas necessidades e aspirações. Esses dados nos mostram que, ao ouvirmos, podemos criar políticas educacionais mais conectadas a esta fase do desenvolvimento humano e à realidade local”, diz Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.
Segundo o diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do MEC, Alexsandro Santos, “é preciso fazer com que o currículo da escola se torne mais próximo dos desejos, expectativas e necessidades das adolescências, que converse com os desafios dessa fase, repleta de conflitos”.
As respostas foram coletadas junto às turmas do 6º e 7º anos e do 8º e 9º anos, permitindo comparar as percepções entre as diferentes faixas etárias.
Conteúdos considerados essenciais e atividades indispensáveis
Dentre os conteúdos e conhecimentos considerados importantes para o seu desenvolvimento, 51% dos estudantes do 6º e 7º anos apontaram as disciplinas tradicionais (língua portuguesa, matemática, ciências humanas e ciências da natureza) como prioridade. Temas como esportes e bem-estar foram destacados por 39% dos participantes, enquanto artes e cultura aparecem com a preferência de 33%. Vislumbrando a escola do futuro, aulas práticas com projetos “mão na massa” e práticas esportivas deveriam predominar para 40% dos estudantes; já atividades com tecnologia e mídias digitais são a escolha de 38% dos alunos.
Estudantes de Alagoas querem mais aulas práticas nas escolas
No grupo do 8º e 9º anos, a preferência pelas disciplinas tradicionais cai para 41%. Esportes e bem-estar seguem com relevância, sendo apontados por 36%, e educação financeira (27%) ganha destaque. Quanto às atividades essenciais na escola do futuro, 38% também querem aulas práticas, com projetos, enquanto 37% valorizam atividades com mídias digitais e 36% esportes.
Percepções sobre o que a escola representa
Entre os estudantes do 6º e 7º anos, 78% têm pelo menos um adulto na escola em quem confiam, enquanto 77% se sentem bem na escola, 74% percebem o aumento nos conhecimentos sobre as disciplinas e 76% consideram o ambiente propício para aprender. Além disso, 85% têm amigos ou amigas com quem gostam de estar, e 79% percebem respeito e valorização por parte dos profissionais da educação.
Já nos grupos do 8º e 9º anos, esses números caem para 67% (têm adultos em quem confiam), 63% (se sentem bem na escola) e 62% (consideram o ambiente bom para o aprendizado). Apesar disso, 82% afirmam ter amigos ou amigas com quem gostam de estar na escola, e 71% relatam aumento de conhecimentos sobre as disciplinas. Nesse cenário, 70% sentem que estão se preparando para as escolhas futuras, como o ensino médio, faculdade, trabalho e carreira.
Como os estudantes veem a convivência escolar
Na avaliação de melhorias na convivência, tanto os mais novos como os mais velhos concordam que atividades como jogos, competições e olimpíadas poderiam fortalecer a integração, com 43% e 44% respectivamente. Entre as ações para aprimorar a convivência, destacam-se também atividades que abordam bullying, racismo e a prevenção de violências – 35% para os mais novos e 32% para os do 8º e 9º anos – além de melhorias nos espaços de convivência da escola, com 31% e 34%.
Sobre a Escuta das Adolescências
O levantamento realizado em Alagoas faz parte de uma iniciativa nacional que ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes em todo o Brasil, marcando um passo importante na elaboração de uma política pública voltada especialmente para os Anos Finais do Ensino Fundamental. Os dados reforçam a necessidade de escolas que dialoguem com as experiências e expectativas dos alunos, promovendo uma educação mais prática, participativa e conectada à vida cotidiana.
Mais informações e os detalhes completos do relatório podem ser acessados em: https://semanadaescuta.org.br/resultados/estados