Humanos se infectam com a enfermidade quando entram em contato com a urina de ratos infectados
Atualmente, o mundo está parado e atônito com a emergência que o Estado do Rio Grande do Sul passa com a pior enchente já registrada na região. Além de afogamentos, uma doença é sempre preocupante nessas situações: a leptospirose.
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Entenda riscos da leptospirose e como se prevenir em enchentes e fortes chuvas
Ela é transmitida por bactérias do gênero Leptospira. Os humanos se infectam com a enfermidade quando entram em contato com a urina de ratos infectados, ou com água e lama contaminadas, como explicita o Instituto Butantan.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em áreas de risco para inundações (como as cidades do Rio Grande do Sul e o litoral Norte de São Paulo, que sofreu com as enchentes em fevereiro de 2023), a incidência da doença pode aumentar em mais de dez vezes.
No ano passado, segundo o Ministério da Saúde, foram 3.128 casos confirmados de leptospirose, dos quais, 258 foram a óbito e taxa de mortalidade equivalente a 8,2%. Voltando às regiões mais afetadas, em 2023, foram Sul (1.119 casos) e Sudeste (1.021 casos).
Entenda riscos da leptospirose e como se prevenir em enchentes e fortes chuvas
Sintomas da leptospirose
Na primeira semana após a infecção por leptospirose (chamada de fase precoce), o paciente pode apresentar os seguintes sintomas:
- Febre de início súbito acima de 38 °C;
- Calafrios;
- Dor de cabeça;
- Dor muscular (principalmente na panturrilha);
- Falta de apetite;
- Náusea;
- Vômitos;
- Cerca de 30% dos pacientes podem apresentar olhos vermelhos, característica também marcante da leptospirose.
Cerca de 15% podem apresentar quadros mais graves a partir da segunda semana, com o aumento da produção de anticorpos. Nessa época, os principais sintomas são:
- Icterícia (pele e olhos em tom amarelado);
- Insuficiência renal;
- Alteração no nível de consciência;
- Hemorragia;
- Caso haja tosse seca e falta de ar, pode ser sinal de comprometimento dos pulmões.
Nestas condições, a mortalidade é de 10% e pode chegar a 50% caso haja hemorragia pulmonar.
Os testes atuais detectam a doença apenas após uma semana que os sintomas surgiram, sendo assim recomendado procurar atendimento médico tão logo o enfermo suspeite que tenha contraído leptospirose.
As medicações utilizadas para combater a infecção são os antibióticos. Caso se exponha a enchentes, redobre a atenção, pois a doença pode se manifestar até 30 dias após o contato com lama ou água contaminadas.
Prevenção em enchentes
Apesar disso, é possível se prevenir. Vale lembrar que a Leptospira acessa o corpo humano por mucosas da boca, nariz e olhos, podendo ainda utilizar a pele caso ela fique em contato prolongado com a água contaminada. Se houver feridas na pele, pode ajudar na infecção.
O Ministério da Saúde recomenda as seguintes medidas de ~prevenção à leptospirose em casos de inundação:
- Cubra cortes e/ou arranhões com bandagens impermeáveis;
- Se puder, acesse as áreas inundadas com botas e luvas para reduzir o contato com a água contaminada. Se não for possível, adote o uso de sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés;
- Após o nível da água abaixar, retire toda a lama e desinfete pisos, paredes e bancadas com água sanitária, deixando-a agir por 15 minutos (faça isso sempre com luvas e botas de borracha);
- Jamais nade ou beba água doce de fontes que possam estar contaminadas pela água da enchente;
- Descarte alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água da enchente;
- Trate a água antes do consumo, fervendo-a ou utilizando hipoclorito de sódio (água sanitária);
- Caso seja profissional de saúde ou de resgate, use equipamentos de proteção individual (conhecidos como EPIs).
Outra medida essencial é controlar a presença de roedores nos arredores. Portanto, sempre descarte seu lixo de forma adequada, colocando-o em sacos plásticos, preferencialmente nos de uso específicos para este fim, ou em latões de metal com tampa. Deixe-os em local alto até a coleta pela empresa responsável em sua cidade.
Evite, ainda, o acúmulo de entulhos. Desinfete e vede caixas d’água, feche quaisquer frestas que hajam em paredes, portas e rodapés.
Diferenciando leptospirose de dengue, gripe e Covid-19
Os primeiros sintomas da leptospirose são similares aos de algumas doenças, como dengue, gripe e até Covid-19, podendo levar à dificuldade de diagnóstico, ainda mais atualmente, pois enfrentamos surto de dengue em todo o País.
Além de avaliação médica, é importante a realização de teste laboratorial e histórico de exposições a inundações, que ajudam na hora de identificar, corretamente, a doença que acomete o enfermo.
Leptospirose
Na leptospirose, os sintomas mais característicos são dor nas panturrilhas, vermelhidão nos olhos e icterícia, que vêm com febre alta, dor de cabeça, falta de apetite, náusea e vômitos.
Dengue
Na dengue, por sua vez, caracterizam-se manchas vermelhas na pele e dor atrás dos olhos. No mais, há a presença de febre alta de início súbito, forte dor de cabeça, náusea e vômitos. A dengue com sinais de alerta é capaz de causar sangramento de mucosas, vômito de sangue e dor intensa no abdômen.
Gripe
A gripe, sendo doença respiratória, provoca, geralmente, coriza, tosse produtiva e dor de garganta, bem como febre, dor no corpo, dor de cabeça, calafrios, vômito e diarreia.
Covid-19
A Covid-19 tem sintomas muito parecidos com os da gripe, com as seguintes diferenças: os sintomas costumam ser menos agressivos no início da infecção do que na gripe, mas se estendem por mais tempo.
Outros sintomas
A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde também informa, em nota técnica, que, na leptospirose, a febre pode durar de sete a 14 dias, com os pacientes podendo, ainda, apresentar nível de leucócitos acima do normal e baixo nível de potássio no sangue.
Portanto, atenção máxima a todos os sintomas apresentados e não se esqueça de informar absolutamente tudo, em detalhes, ao médico, pois tais informações são vitais para o correto diagnóstico e tratamento da doença que acomete o enfermo.