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“Então, deem a César o que é de César, e a Reagan o que é de Reagan…”

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O ano é 2021, abrimos o portal de notícias e nos deparamos com a notícia de que o Talibã invade a capital do Afeganistão, dominando quase que 100% do país. Passamos a acompanhar uma fuga generalizada, principalmente das mulheres afegãs. Uma enorme corrida ao aeroporto da capital nos faz refletir sobre o que aconteceu com aquela região, com aquela nação e consequentemente com aquele povo, e toda sua luta contra o que aprendemos a chamar, desde 2001, de Talibã. O movimento fundamentalista islâmico que se difundiu na região sempre foi figurinha repetida nas grandes discussões políticas mundiais, e principalmente, sempre foi objeto de debate nas últimas eleições americanas.

Devemos nos questionar acerca da origem real do Talibã e como o movimento conseguiu manter e expandir sua uma estrutura tal qual de um Estado.

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O mundo após a Segunda Guerra Mundial tornou-se um sistema bipolar. Duas grandes nações, duas grandes “ideologias” – as aspas são necessárias para mostrar a instabilidade dessa abordagem paralela -, o capitalismo americano contra o comunismo soviético. Esse embate fez parte de tudo o que os Estados Unidos produziam, desde os games, como Street Figher, até grandes produções hollywoodianas, como Rocky e Rambo III. Essa demonização do comunismo fazia parte do modo de vida americano, ou seja, odiar o comunismo é quase um “bom dia” nos Estados Unidos.

Mediante essa bipolaridade, a União Soviética, no finalzinho dos anos 70 e durante todo o período dos anos 80, iniciou várias invasões no Afeganistão. Mas com que objetivo?

Durante esses anos, a guerra civil colapsa no Afeganistão, com surgimento no país de um movimento denominado de Mujahidin, grupos independentes de estudantes revolucionários com base no fundamentalismo islâmico. O conflito civil se dá principalmente com as grandes divergências ideológicas no próprio movimento Mujahidin, braços marxistas-soviéticos se rebelam e expõe a instabilidade do país, transformando um ambiente propício para conflitos armados.

O interesse americano na região se dá em um período complicado, contudo, ao mesmo tempo propicio para ascensão americana. Os Estados Unidos estavam se recompondo da derrota da Guerra do Vietnã, porém, necessitavam que sua grande inimiga, a URSS, perdesse força. Dessa forma, aparece o suporte de Ronald Reagan aos guerrilheiros contrários aos marxistas do Afeganistão. Ao treinar, armas e dar apoio financeiro ao grupo, os Estados Unidos carimbaram sua participação no que viria a ser um dos maiores grupos terroristas do mundo: o Talibã. O discurso para enfraquecer o comunismo, denominado de “Doutrina Reagan” era parte da propaganda, contudo, as consequências chegariam. É importante ressaltar, que a operação Ciclone (contra comunistas) foi a responsável por armar e dar poder à Osama Bin Laden.

Embora o território afegão não tenha petróleo, seus vizinhos estão cheios de reservas do combatível, e uma das poucas saídas para o mar, obrigatoriamente se dá pelo Afeganistão. Ou seja, é notório que a região representa uma enorme peça estratégica na geopolítica região e mundial.

Oficialmente, o Talibã surge em 1994 como milícia, em 1996 torna-se governo do Afeganistão até a invasão americana no pós 11 de setembro. Em 2004 o Talibã ressurge como uma insurgência, e agora, em 2021, torna-se novamente um governo, ao invadir de forma bem sucedida o país.

É importante ressaltar que o tema Talibã sempre foi objeto de debate na política americana. A presença de tropas americanas no Afeganistão sempre incomodou democratas e republicanos. Nos últimos anos vemos a seguinte corrente: Obama, durante todo seu mandato, ameaçava retirar as tropas do país, não vendo mais utilidade deles na região, porém nunca saiu do mundo das palavras; Trump, seguindo a mesma linha, consegue efetivar um acordo/cronograma para retirada das tropas americanas do Afeganistão; e por fim, Biden, seguindo o cronograma imposto por Trump, executa a missão. O que nenhum dos últimos presidentes imaginava, seria a extrema velocidade com que o Talibã tomaria o país de forma tão agressiva.

A grande interrogação que paira sobre a comunidade internacional é justamente sobre a postura que o Talibã, agora como governo/estado, irá tomar, de modo que o grupo já dialoga com a Rússia e com a China. Historicamente, o governo chinês tem uma postura muito passiva em relação aos grupos extremistas, já que existe em território chinês uma grande comunidade muçulmana que há tempos discute uma independência, seja pacífica ou não. As relações entre China e Talibã buscam a neutralização desses grupos, temendo a criação de um novo conflito como no Taiwan.

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