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EscreveNordeste

Raqueline da Silva Santos

Emancipação

COMPARTILHE Whatsapp Facebook Twitter Data: 17/09/2021
Fonte de Imagem:Reprodução

Palavra bonita, que chama atenção.

Mas, quando escuto me pergunto, o que é emancipação?

Para alguns libertação.

Libertação de que?

Em 1817 Alagoas separa-se de Pernambuco.

Foi exatamente no século XIX que essa palavra fez sentido para o território alagoano.

Oxe, será que fez sentido?

Será que faz sentido?

Será que alguém sentiu algo?

Quem sente-se livre no contexto atual? Alguém, me responde.

Confesso que é uma história bonita para contar. Afinal, Alagoas é uma estrela radiosa.

Quem nunca se alegrou com a canção? Ou quando ler essa frase não lembras do nosso hino?

Quem nunca imaginou a libertação?

Como podemos comemorar uma emancipação?

O leitor deve estar se questionando: essa escritora está em um devaneio?

Pois, bem, após um dia de trabalho, volto a escrever sobre uma terra que não vivo mais, mas que nunca sairá de mim.

E é por essa escrita, por esse devaneio que fico a imaginar.

Que libertação há, quando um estado vivencia os piores índices sociais, econômicos.

Que libertação há, quando eu leio sobre o que a Brasken fez com a vida de muitos maceioenses.

Que libertação há, quando quem controla o estado são grandes políticos e usineiros.

Que libertação há, quando eu abro o site da Gazeta Web e leio “Analfabetismo, miséria e violência marcam Emancipação Política de Alagoas”.

De fato, esse 16 de setembro me remete as questões políticas, econômicas e sociais.

Vocês comemoram o feriado.

Eu por estar longe e fora da situação, reflito, escrevo, me alegro e me entristeço.

Não há libertação! Não meu caro leitor.

Haveria libertação se houvesse investimentos em educação, emprego, geração de renda. Onde não houvesse fuga de cérebros.

Onde os jovens não precisassem abandonar o estado para tentar uma vida melhor.

Haveria libertação se todos tivessem o pão na mesa, esta manhã. Mas, sabemos que alguns não tiveram.

Enquanto escrevo no conforto do meu lar. Enquanto curtes o feriado na praia. Ou apenas descansa e se diverte com os seus. Alguns conterrâneos não tem nem sequer oportunidade de ler o presente texto, pois temos o maior índice de analfabetismo em nosso estado.

Podes me dizer, somos jovens, o que são 204 anos de emancipação política?

Que juventude cruel a nossa, cuja criminalidade está alta, “37 mortes para cada 100 mil habitantes” (Gazetaweb, 16 de setembro de 2021).

Então, há emancipação?

Quando temos uma política tão concentrada na exploração, na negação de direitos, na falta de investimentos para a melhoria social e econômica do estado.

Emancipar-se seria uma vitória para nós alagoanos, na verdade continuamos prisioneiros de uma lógica econômica que favorece poucos e destrói a vida de muitos.

A miséria no estado abrange 35, 5% da população.

E tu me diz: vamos comemorar a emancipação, é feriado!

Vulnerabilidade, submissão, desgoverno, miserabilidade, violência, concentração econômica, política de poucos, destruição de muitos. A emancipação é o retrato de uma libertação territorial e política do estado de Pernambuco, mas até esse momento não há emancipação do povo.

É preciso que se tirem as vendas para ver que as classes dominantes ainda precisam estremecer e muito na sociedade alagoana, para que o povo alcance as grandes possibilidades de riquezas existentes nesse pedaço de terra.

Que haja emancipação social, educacional, econômica e política.

Que o povo alagoano, possa irradiar como a estrela que pulsa nossa história. Que possamos todas as manhãs lutar pela emancipação do nosso povo, da nossa linda terra alagadiça.

Que possamos alagar nossa terra com lutas e conquistas!