No mesmo intervalo, praticamente dobrou o nĂșmero daquelas que nĂŁo tĂȘm condiçÔes de pagar suas contas, saindo de 5,4% (maio/23) para 11% (maio/24)
Apesar de o nĂvel de endividamento famĂlias alagoanas se manter em patamar semelhante ao registrado hĂĄ um ano, variando apenas na margem dos valores, a inadimplĂȘncia nĂŁo sĂł aumentou 29% nestas famĂlias, como praticamente dobrou o nĂșmero daquelas que nĂŁo terĂŁo condiçÔes de pagar suas dĂvidas, saindo de 5,4% (maio/23) para 11% (maio/24), conforme constatado pela Pesquisa de Endividamento e InadimplĂȘncia do Consumidor (Peic) do Instituto FecomĂ©rcio AL realizada em parceria com a Confederação Nacional do ComĂ©rcio de Bens Serviços e Turismo (CNC).
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Em um ano, inadimplĂȘncia das famĂlias alagoanas aumentou quase 30%
Esse aumento nas contas em atraso pode estar relacionado Ă forma como se contrai a dĂvida, uma vez que o cartĂŁo de crĂ©dito foi o meio mais utilizado para 97% das famĂlias, mĂȘs passado. Como a tendĂȘncia Ă© acumular parcelas de compras de meses diferentes e os juros sĂŁo altos, em torno de 400% ao ano, isso acaba pressionando os orçamentos das famĂlias de renda mais baixa. Outros meios de aquisição de dĂ©bitos foram o carnĂȘ, com 19%, e o cheque especial, com 0,5%.
Este cenĂĄrio Ă© visto com cautela pelos economistas, como explica Francisco RosĂĄrio, especialista ouvido pelo Instituto FecomĂ©rcio AL, embora a condição de endividamento seja comum para uma economia saudĂĄvel. âO dĂ©bito de alguĂ©m Ă© crĂ©dito para outrem, e o crĂ©dito Ă© fonte de investimentos e crescimento econĂŽmico. O problema Ă© quando as dĂvidas nĂŁo sĂŁo pagas, gerando assim instabilidade e crises econĂŽmicasâ, explica. Para o restante do ano, o economista fala que a expectativa Ă© pela redução da inadimplĂȘncia, âprincipalmente devido Ă nova legislação federal que limita os juros do rotativo do cartĂŁo de crĂ©dito a 100%; fato que irĂĄ impactar positivamente na condição financeira de muitas famĂliasâ, complementa.
Em um ano, inadimplĂȘncia das famĂlias alagoanas aumentou quase 30%
Sobre o endividamento, na comparação com maio do ano passado, no volume de famĂlias com dĂvidas â o equivalente a 65% – houve uma redução entre as que nĂŁo tĂȘm dĂvidas dos tipos citados na pesquisa e o crescimento naquelas com menos dĂvidas e mais ou menos endividadas. âDois fatos podem ter contribuĂdo para essa redução: o efeito do programa Desenrola, do governo federal, e a redução da taxa de juros (Selic) ao longo de 2023, que repercutiu de alguma forma nas novas dĂvidasâ, observa RosĂĄrio.
No contexto de 2024, na variação mensal entre abril e maio, o nĂșmero de famĂlias muito endividadas saltou de 17,6% para 18,2%, fato que pode aumentar, mesmo que na margem, do risco de inadimplĂȘncia para o grupo com renda de atĂ© 10 salĂĄrios mĂnimos (10sm). Por enquanto, o endividamento destes alagoanos nĂŁo estĂĄ pressionando as taxas de inadimplĂȘncia na mesma proporção. Comprova isto o fato de que o endividamento cresceu, entre dezembro de 2023 e maio de 2024, a uma taxa mĂ©dia de 1,3% ao mĂȘs, enquanto o percentual de inadimplentes em Alagoas, segundo a Serasa, aumentou a uma taxa de 0,6% ao mĂȘs, ao menos atĂ© abril de 2024. A redução do desemprego no primeiro trimestre deste ano, em MaceiĂł â cidade que responde por 60% das ocupaçÔes nesse perĂodo, Ă© um dos fatores que podem ter ajudado na contenção da inadimplĂȘncia.
Em um ano, inadimplĂȘncia das famĂlias alagoanas aumentou quase 30%
Entre os dados trazidos pela pesquisa do Instituto FecomĂ©rcio AL, o aumento do percentual de famĂlias com contas em atraso merece atenção, pois a taxa de crescimento foi de 5,3% ao mĂȘs. JĂĄ na anĂĄlise das condiçÔes de endividamento, este Ă© uma realidade maior para as famĂlias com renda de atĂ© 10sm, embora as dĂvidas tenham aumentado tambĂ©m para as famĂlias de maior renda (mais de 10sm). âMas vale ressaltar que o poder de compra das famĂlias com menor renda pode estar sendo afetado, particularmente, pela persistente inflação dos alimentos no Brasil desde 2023, enquanto as famĂlias de maior renda teriam, em tese, melhores condiçÔes de acesso ao crĂ©dito, inclusive a taxas menoresâ, avalia o economista.
No intervalo de um ano, o nĂșmero de famĂlias de atĂ© 10sm que nĂŁo tĂȘm condiçÔes para pagar suas dĂvidas dobrou, saindo de 6% em abril de 2023 e alcançando 12% em maio passado, Ă medida que na faixa superior a 10sm, que havia registrado 2% de famĂlias nestas condiçÔes em abril de 2023, retraiu e manteve-se estĂĄvel em 0% nos Ășltimos meses de abril e maio (2024).
Em um ano, inadimplĂȘncia das famĂlias alagoanas aumentou quase 30%
Apesar de todos estes nĂșmeros, a situação dos alagoanos ainda Ă© uma das melhores nacionalmente, ao menos no tocante ao endividamento. âA despeito de todas as condiçÔes adversas para Alagoas em termos de emprego e renda, em Ăąmbito nacional, o estado Ă© o segundo menor em nĂșmero de famĂlias endividadas, em maio, perdendo apenas para o Mato Grosso do Sul (MS). Mas Ă© o 17Âș com o maior nĂșmero de famĂlias inadimplentes e o 11Âș em famĂlias sem condiçÔes de pagarem suas dĂvidas, segundo a Peic de junho de 2024â, analisa.
TABELAS E GRĂFICOS
Tabela 01: SĂntese dos resultados (% do total de famĂlias pesquisadas em Alagoas)
ENDIVIDADOS | CONTAS EM ATRASO | NĂO TERĂO CONDIĂĂES DE PAGAR | |
abr/23 | 64,6% | 19,8% | 4,5% |
mai/23 | 64,9% | 20,2% | 5,4% |
mai/24 | 65% | 29,0% | 11% |
GrĂĄfico 01: Tipos de dĂvida do consumidor alagoano (mai/24)
GrĂĄfico 02: NĂvel de endividamento das famĂlias em Alagoas (maio/23)
GrĂĄfico 03: NĂvel de endividamento das famĂlias em Alagoas (maio/24)
Em um ano, inadimplĂȘncia das famĂlias alagoanas aumentou quase 30%
GrĂĄfico 04: Percentual de famĂlias endividadas em Alagoas (maio/24)
GrĂĄfico 05: Percentual global de inadimplentes com dados do SERASA (dez/23 Ă abr/24).
GrĂĄfico 06: Percentual de famĂlias com contas em atraso em Alagoas (dez/23 Ă mai/24).
Em um ano, inadimplĂȘncia das famĂlias alagoanas aumentou quase 30%
Tabela 02: FamĂlias endividadas por faixas de renda
atĂ© 10sm – % | mais de 10sm – % | ||
mai/23 | 65% | 56% | |
abr/24 | 64% | 61% | |
mai/24 | 65% | 61% |
Tabela 03: FamĂlias com dĂvidas em atraso por faixa de renda em Alagoas (mai/24)
atĂ© 10sm – % | mais de 10sm – % | |
mai/23 | 21% | 11% |
abr/24 | 30% | 11% |
mai/24 | 30% | 11% |
Tabela 04: FamĂlias que nĂŁo terĂŁo condiçÔes de pagar as dĂvidas em Alagoas (mai/24)
atĂ© 10sm – % | mais de 10sm – % | |
mai/23 | 6% | 2% |
abr/24 | 12% | 0% |
mai/24 | 12% | 0% |
Em um ano, inadimplĂȘncia das famĂlias alagoanas aumentou quase 30%
ReferĂȘncias
CONFEDERAĂĂO NACIONAL DO COMĂRCIO DE BENS, SERVIĂOS E TURISMO (CNC). PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLĂNCIA DO CONSUMIDOR (PEIC).BrasĂlia, junho, 2024.
MOURA, JĂșlia C. R. Consumo das famĂlias via cartĂ”es cresce para 57%; inadimplĂȘncia cai a 5,5%. DisponĂvel em: Consumo via cartĂ”es cresce, e inadimplĂȘncia cai – 12/03/2024 – Mercado – Folha (uol.com.br). Acessado em 11/06/2024.
SERASA. Mapa da InadimplĂȘncia e Negociação de DĂvidas no Brasil. DisponĂvel em: Mapa de inadimplĂȘncia e renegociação de dĂvidas no Brasil da Serasa. Acessado em 11/06/2024.