No geral, a nota do Ensino Médio de Alagoas no Ideb foi de 3,6. Quando analisadas à parte, as escolas de tempo integral estão acima: alcançaram 4 no índice – enquanto as escolas regulares ficaram abaixo, com 3,6). Outro dado relevante é que as 3 melhores escolas estaduais no Ideb são integrais, tendo o índice (Ideb) mais alto que meta prevista para o estado (4,4).
As escolas que eram integrais em 2017 e permaneceram no modelo integral até 2019 mostraram melhora significativa no Ideb (33%) quando comparadas com escolas regulares (9,1%).
Confira outros detalhes do cenário em Alagoas quando o assunto são as escolas integrais:
– Nas escolas integrais, os estudantes nas camadas de nível socioeconômico mais baixo tiveram desempenho melhor do que os estudantes das escolas regulares da mesma camada.
– As escolas integrais possuem maior taxa de aprovação (91,3%) quando comparadas com as escolas regulares (85,4%).
– A taxa de reprovação de estudantes das escolas integrais é menor (3,6%) do que a das escolas regulares (6,9%).
– O estudante de tempo integral é menos propenso a abandonar a escola (5,1%) do que o estudante da escola de EM regular (7,7%).
Número de escolas integrais no estado:
2017 << 4
2019 << 21
Total de Escolas de Ensino Médio no Estado: 190
As 5 melhores escolas integrais de 2019:
EE Prof Edmilson de Vasconcelos Pontes (Maceió): 4,9
EE Profa. Edleuza Oliveira (São Miguel dos Campos): 4,8
EE Senador Rui Palmeira (Arapiraca): 4,8
EE Constança De Góes Monteiro (Major Isidoro): 4,6
EE Monsenhor Sebastião Alves (Água Branca): 4,4
As 5 escolas integrais de maior crescimento entre 2017 e 2019:
EE Nossa Senhora da Apresentação (Porto Calvo): 56%
EE Monsenhor Sebastião Alves (Água Branca): 29%
EE Senador Rui Palmeira (Arapiraca): 26%
EE Professora Edite Machado: 23%
EE Prof Edmilson de Vasconcelos Pontes (Maceió): 14%
Cenário nacional – Ao separar as escolas da rede estadual de acordo com o modelo (parcial e integral), é possível verificar que o desempenho das escolas integrais na maioria dos estados é melhor do que o das escolas parciais. O Ideb das parciais é de 4 pontos e o das integrais alcança 4,7 pontos. O resultado do Ensino Médio em Tempo Integral, inclusive, atinge a meta prevista para a etapa (4,6). A diferença comparativa se reproduz em dois componentes específicos: nota padronizada (desempenho no SAEB) e percentual de aprovação.
As escolas que eram parciais em 2017 e migraram para o modelo integral em 2019 tiveram uma melhora de 17,3% no Ideb. Já as que permaneceram no modelo regular cresceram apenas 9,7% no índice em 2019.
Cenário nordestino – Apesar da situação delicada das regiões Norte e Nordeste no Ensino Médio, as escolas de tempo integral desta etapa obtiveram resultados expressivos no Norte (4,2) e Nordeste (4,5) do país. No Ideb geral do Ensino Médio, o Norte alcançou 3,4 pontos e, o nordeste, 3,6 pontos.
Estados com grande número de escolas de tempo integral e de matrículas neste modelo têm crescimento no IDEB em 2019 acima da média. Pernambuco, por exemplo, subiu 10%. A Paraíba, cresceu 16,1%. E, o Ceará, 10,5%.
Entre 2017 e 2019, o Ceará ampliou significativamente o número de escolas e matrículas. Na edição de 2019, o Ceará ocupa a 6ª posição no IDEB.
Pernambuco é prova que as escolas de Ensino Médio em tempo integral contribuem para melhora da qualidade da educação. A partir de 2008, quando o modelo integral foi adotado como política pública, o rendimento no Ideb cresceu e acompanhou a expansão anual do número de escolas e matrículas. Em 2019, a rede estadual pernambucana ocupa o 3º lugar no ranking nacional. Em 2007, estava em 22º lugar. O estado possui a maior rede de ensino integral do Brasil no Ensino Médio: 438 escolas ofertam esta modalidade, totalizando 62% das matrículas de estudantes que acessaram o Ensino Médio (dados de 2020).
Vale destacar que o estado de Pernambuco tem um dos mais baixos PIBs per capita do Brasil, assim como o Ceará e a Paraíba. Esses são estados que estão apostando na política do Ensino Médio Integral em Tempo Integral e avançando na expansão desse modelo para um alto percentual de escolas, revertendo assim o histórico de baixos índices de aprendizagem e evasão.
Goiás, o líder do ranking nacional do Ideb no Ensino Médio – A rede estadual de Goiás, especificamente, repetiu o bom desempenho de 2017 e alcançou o 1º lugar do ranking em 2019. O resultado também corresponde aos investimentos do estado na política de expansão do número de escolas e de matrículas de Ensino Médio em Tempo Integral a partir de 2016. A rede estadual já atingiu a meta estipulada para 2021.
Entenda a análise apresentada
>> Escolas consideradas na estimativa:
Apenas as escolas propedêuticas da rede estadual, localizadas em zonas urbanas, e com IDEB (dados de desempenho e rendimento) divulgado pelo Inep. (Não foram levadas em consideração escolas exclusivamente de Educação Profissional, de Educação para Jovens e Adultos, de Educação Especial e de Ensino Médio Normal/ Magistério).
>> Sobre os critérios de seleção das escolas integrais
Para as escolas integrais foram considerados os mesmos critérios descritos acima assim com o requisito adicional da unidade manter ao menos uma turma da última série do Ensino Médio (3ª ou 4ª série) com duração superior a 420 minutos diários, de acordo com o Censo Escolar 2019. (A exigência de ter ao menos uma turma da última série é necessária, uma vez que a prova SAEB avalia o desempenho somente dos estudantes da última série do Ensino Médio. Por isso, seria equivocado considerar na estimativa escolas com turmas de 1ª e 2ª série integrais, mas onde os estudantes da 3ª série não tiveram a oportunidade de estudar ao menos um ano no modelo integral).
>> Sobre resultados da série histórica apresentada
Até a edição de 2017, a participação do Ensino Médio era amostral. Portanto, diferente do Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II, as análises comparativas, com dados oficiais, se concentram em um período bastante curto: 2017 e 2019.Saiba mais sobre o modelo Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI)
Saiba mais sobre o modelo Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI)
>> O que é
Modelo que visa a formação integral dos estudantes a partir de uma proposta pedagógica multidimensional, conectada à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais. A ampliação da jornada escolar (para 7 ou 9 horas diárias) auxilia a solidificação dos conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e proporciona o desenvolvimento de habilidades em diferentes práticas educativas oferecidas o no modelo. São oito pilares: projeto de vida, protagonismo juvenil, acolhimento, eletiva, orientação de estudo, tutoria, aprendizado na prática e tempo integral.
>> Onde está
O modelo está em todo Brasil. Em 2016, o governo federal lançou a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), que garante aos estados o repasse de R$ 2 mil por aluno/ano durante o período de 10 anos mediante o cumprimento de critérios estabelecidos pelas portarias. Os estados devem dar preferência a escolas em regiões de maior vulnerabilidade e infraestrutura mínima.
>> O Ensino Médio em Tempo Integral e o Plano Nacional de Educação
A expansão do EMTI corresponde à Meta 6 e prevê a oferta em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos jovens da Educação Básica até 2024.
>> O EMTI em números
3.9 mil escolas
665 mil matrículas (11% das matrículas de Ensino Médio)
(rede estadual – Brasil)
Na etapa do Ensino Médio, o Brasil tem 28.8 mil escolas e a maioria das 7.5 milhões de matrículas está na rede estadual.
Por que o Ensino Médio em Tempo Integral vale a pena?
Um ano no Ensino Médio em Tempo Integral é equivalente à proficiência em Língua Portuguesa e Matemática de três anos letivos em escolas de tempo parcial.
Os resultados acadêmicos positivos dos estudantes estão relacionados a duas frentes: ensino do currículo (tempo de aula bem utilizado e baixa quantidade de aulas dispensadas/ substituídas) e elementos diversificados da matriz curricular (estudo dirigido supervisionado por professores, orientação para projeto de vida, práticas de protagonismo, formação da equipe escolar e nivelamento).
Entre os principais motivos que agradam aos professores que atuam nas escolas integrais, mais da metade destaca o acolhimento dos alunos, 38% o projeto de vida, 35% os clubes de protagonismo, 25% o acolhimento da família e 24% as tutorias.
O custo adicional em uma escola integral se deve, principalmente, a dois pontos: merenda e remuneração dos professores (40 horas semanais). Por outro lado, devido à menor evasão e repetência, o custo por aluno formado das escolas integrais é apenas 33% maior do que as de tempo regular.
Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral em Pernambuco apresentam bons resultados de proficiência (Língua Portuguesa e Matemática) e fluxo mesmo nas regiões mais vulneráveis.
Pesquisa com egressos de Pernambuco (2009 a 2014) mostra que a probabilidade de entrar no ensino superior é de 63% entre os ex-alunos de escolas integrais contra 46% daqueles formados em escolas regulares – diferença significativa de 17 pontos percentuais.
Em relação à renda, os resultados em Pernambuco mostram que, desde o início da carreira, os egressos das escolas integrais apresentam maior probabilidade de estarem em faixas de renda superiores – em média, o ensino integral adiciona R$ 265 à renda individual, o que corresponde a 18% do salário mensal médio.
O resultado mais impactante é em relação à equidade racial. Nas escolas regulares de Pernambuco, quando se analisa a diferença salarial entre egressos brancos e negros, o segundo grupo apresenta ganhos aproximadamente 10% inferiores em relação ao primeiro. Quando considerado o ensino integral, essa diferença não mais existe, ou seja, o integral se mostra capaz de fechar o gap da diferença salarial racial.
Professores do Ensino Médio em Tempo Integral de Pernambuco estão mais satisfeitos com a carreira e com o trabalho, se sentem mais valorizados profissionalmente e têm uma melhor opinião sobre suas condições de trabalho, em comparação com os professores da rede regular. Os resultados também são positivos quando analisado o relacionamento entre professores e estudantes. Entre os educadores da rede da professores da rede regular.