A crise e o alto nível de desemprego no Brasil, como não poderiam deixar de ser, também se transformaram em arma para golpistas. Por meio de mensagens enviadas por SMS ou WhatsApp, criminosos oferecem vagas com altos salários, muitas vezes em grandes empresas, mas sem mais detalhes, induzindo as vítimas em potencial a entrarem em contato em busca de mais informações.
Mensagens que usam nomes de empresas como a Amazon parecem ser exceção em um universo de spam que traz poucas informações sobre os supostos empregos, mas seguem um padrão claro. Em todos os casos, são oferecidas vagas que pagam bem, com salários entre R$ 1 mil e R$ 5 mil por dia, e ofertas de trabalho em meio período. A ideia de que o responsável pelo envio é um “gerente de projeto” também tenta passar a impressão de que a oportunidade é única.
Em alguns casos, a proposta já vem acompanhada da informação de que a possível vítima foi aceita para o trabalho, enquanto em outros, apenas a proposta direta é realizada. O texto parece traduzido de outro idioma, sendo formal e sisudo, às vezes aparecendo com emojis para dar um tom mais amigável — o que não muda, em nenhuma das mensagens a que a reportagem do Canaltech teve acesso, é o pedido para contato por meio do WhatsApp.
Números reais brasileiros são usados para o contato com as vítimas. Por outro lado, chama a atenção o uso de serviços de envio em massa de SMS que, também, são usados por empresas em comunicações legítimas e até na obtenção de códigos de verificação. Mais uma vez, trata-se de uma maneira de dar uma maior aparência de autenticidade ao golpe, de forma a induzir a um contato diretoem que pedidos de mais dados ou detalhes financeiros são solicitados.
Os casos estão ganhando em escala, atingindo usuários de praticamente todo o Brasil. Apenas entre as mensagens fraudulentas recebidas pela redação do Canaltech estão pessoas de Curitiba (PR), São Paulo (SP), Ribeirão Pires (SP) e Rio de Janeiro (RJ); os DDDs usados pelos criminosos também variam, com códigos utilizados no interior paulista, Espírito Santo e Brasília sendo os mais comuns na amostra analisada pela reportagem.
Como sempre, é importante dizer que ofertas de vagas dificilmente serão feitas desta maneira, principalmente quando surgirem do nada, sem que você tenha se candidatado a posições. O ideal é ignorar tais mensagens e jamais entrar em contato com os golpistas; evite, também, preencher cadastros, baixar aplicativos ou entregar informações pessoais ou financeiras por meio de links que cheguem por mensagens instantâneas ou e-mail.
Caso desconfie que a oferta de vaga é real, procure a empresa indicada por meios diretos, em vez de responder ao contato feito por SMS ou WhatsApp. Procure escritórios, sedes ou serviços de atendimento para fazer isso, em vez de telefonar para o número indicado nas comunicações potencialmente fraudulentas.
Problema em larga escala
Um estudo publicado em novembro pela Heach Recursos Humanos mostrou que mais de 75% dos candidatos a vagas de emprego já foram atingidos por propostas falsas. A busca por recolocação profissional em um momento de crise também fez crescer os números, com 66% dos participantes da pesquisa afirmando terem sido enganados três vezes ou mais.
Na maior parte dos casos, os golpes continham informações falsas sobre remuneração e rotina de trabalho, como nos casos recebidos por e-mail pela reportagem. Em segundo lugar, de acordo com a Heach, estão os pedidos por dados pessoais e bancários dos candidatos, seguidos por exigências de pagamento para cadastro às vagas ou a realização de cursos também pagos para assumir a suposta posição.