2022 definitivamente não é o melhor dos anos para as grandes empresas de tecnologia. Depois de brilharem nos dois últimos anos, com um grande aumento no consumo de conteúdo e martketing digital durante o isolamento social na pandemia, as big tech começaram esta temporada com cautela, e, em poucos meses, a “bolha” começava a estourar. E a demissão em massa que começa a ocorrer nesta quarta-feira (9) na Meta, empresa-mãe do Facebook, Instagram e WhatsApp, é emblemática.
O fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg, confirmou o que executivos e funcionários já esperavam, em um comunicado publicado no próprio Facebook. Ele explica a razão de cortar 13% de sua equipe, o que representa mais de 11 mil funcionários.
“Hoje estou compartilhando algumas das mudanças mais difíceis que fizemos na história do Meta. Decidi reduzir o tamanho de nossa equipe em cerca de 13% e dispensar mais de 11.000 de nossos talentosos funcionários. Também estamos tomando várias medidas adicionais para nos tornarmos uma empresa mais enxuta e eficiente, cortando gastos e estendendo nosso congelamento de contratações até o primeiro trimestre.”
Este é um momento bastante delicado para a Meta, que não somente vem lidando com a queda gradual de usuários nos últimos anos, mas que, basicamente, mudou de modelo de negócios ao assumir um projeto tão grandioso e caro como o Metaverso. Isso acontece justamente em um momento de retração no mercado, após dois anos de “boom” durante a pandemia.
Além dos juros altos no mundo todo, vários países vivem recessões econômicas, como o Brasil; e os gastos com publicidade, assim como o próprio consumo de conteúdo digital que cresceu durante a pandemia, caíram vertiginosamente nos últimos meses. As maiores empresas do setor, como Apple, Amazon, Samsung, e até mais recentemente o Twitter, já realizaram cortes em massa ou simplesmente pausaram contratações nesta temporada.
No final de outubro, a Meta forneceu uma expectativa morna, que assustou os investidores e fez com que as ações caíssem quase 20%. Há uma grande preocupação interna com os custos e despesas crescentes da Meta, que saltaram 19% ano a ano no terceiro trimestre, para US$ 22,1 bilhões (R$ 113,7 bilhões). As vendas gerais da companha caíram 4% ano a ano, para US$ 27,71 bilhões (R$ 142,5 bilhões) no terceiro trimestre, enquanto seu lucro operacional caiu 46% em relação ao ano anterior, para US$ 5,66 bilhões (R$ 28,8 bilhões).
Por que a Meta está demitindo em massa?
Além das razões que afetam todo o cenário de tecnologia, a Meta vem investindo fortemente no mundo digital do Metaverso. Essa aposta pesada custou à empresa US$ 9,4 bilhões (R$ 48,4 bilhões) até agora em 2022, e Zuckerberg antecipa que as perdas “crescerão significativamente ano a ano”.
“No início do Covid, o mundo mudou rapidamente para o online e o aumento do comércio eletrônico levou a um crescimento desproporcional da receita. Muitas pessoas previram que essa seria uma aceleração permanente que continuaria mesmo após o término da pandemia. Eu também, então tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos”, diz Zuckerberg, no comunicado.
“Infelizmente, isso não aconteceu do jeito que eu esperava. Não apenas o comércio online voltou às tendências anteriores, mas a desaceleração macroeconômica, o aumento da concorrência e a perda de sinal de anúncios fizeram com que nossa receita fosse muito menor do que eu esperava. Eu entendi errado, e assumo a responsabilidade por isso.”
O executivo diz que a Meta vem cortando custos em todas as organizações, e que a empresa estendeu o congelamento de contratações até o primeiro trimestre de 2023. “Este é um momento triste, e não há como contornar isso. Para aqueles que estão saindo, quero agradecer novamente por tudo que você colocou neste lugar”, acrescentou.
Os funcionários afetados receberão 16 semanas de pagamento, mais duas semanas adicionais para cada ano de serviço, disse Zuckerberg. A Meta cobrirá o seguro de saúde por seis meses. A prioridade, agora, é “focar nossos investimentos em um pequeno número de áreas de alta prioridade de crescimento” no próximo ano.
“Isso significa que algumas equipes crescerão significativamente, mas a maioria das outras equipes permanecerá estável ou encolherá no próximo ano”, afirma Zuckerberg. “No total, esperamos terminar 2023 com aproximadamente o mesmo tamanho ou até mesmo uma organização um pouco menor do que somos hoje.”
A Meta tinha 87.314 funcionários em 30 de setembro de 2022, de acordo com seu relatório de ganhos do terceiro trimestre. Isso representa um crescimento de 28% ano a ano, segundo o relatório.