Não é exagero dizer que as sogras são retratadas de uma forma bem ruim na cultura pop: piadas “de sogra”, filmes e séries com mães de cônjuges que são megeras, isso quando não há um apelo cômico nas brigas entre sogra e genro/nora. Até o brinquedo “língua-de-sogra” faz referência à suposição de que essas mulheres só sabem falar mal dos outros. Mas de onde vem esse mito?
Afrodite, a primeira sogra má
De acordo com antropólogos e psicólogos, essa imagem de megera das sogras vêm desde a antiguidade e tem a ver com os papéis de gênero: numa sociedade patriarcal, a função das mulheres é cuidar dos maridos e dos filhos. Com os filhos já crescidos, as intervenções da sogra na família são vistas como coisa de “quem não tem o que fazer”, além de incomodar os outros.
Por mais que isso não seja verdade (não em todos os casos, pelo menos), a ideia foi passando de geração em geração e esse estereótipo ficou gravado na cultura, com os aspectos negativos prevalecendo — mesmo que muitas sogras sejam boas e gentis.
Acredita-se que papeis de sogras megeras existiam desde a mitologia grega: Afrodite, a deusa do amor, não aprovava o romance de seu filho com a mortal Psiqué. Então, fez de tudo para mantê-los separados, até mandar a nora para o inferno (literalmente).
Sogras têm má fama em várias culturas
Além de Afrodite, peças de comédia e sátira da Roma Antiga também retratavam brigas entre sogras e genros. Desde então, o mito só cresceu: de modo geral, são mulheres chatas e teimosas, super-protetoras, que se metem nos assuntos do casal sem convite. Geralmente, a sogra má é a mãe da noiva, que atormenta o pobre homem…
A partir do século XX, o estereótipo chegou também à cultura de massa. Fred Flintstone brigava sempre com a mãe de Wilma, enquanto a sogra literalmente bruxa incomodava o marido humano de A Feiticeira, já nos anos 60.
Uma das comédias mais populares dos anos 2000, A Sogra, coloca Jane Fonda no papel de uma mulher que atrapalha a nora Jennifer Lopez até não poder mais. O título em inglês do filme é ainda menos sutil: Monster-in-Law, um trocadilho com “mother-in-law”, para representar a sogra como monstro.
Aqui no Brasil, há infinitos exemplos de brigas entre sogra e genro nas novelas e em programas de comédia: dona Francine (Célia Biar) e Maurício (Tato Gabus) em Brega & Chique, dona Guiomar (Laura Cardoso) e Raul (Miguel Falabella) em A Viagem e Lakshmi (também Laura Cardoso), de Caminho das Índias.
Mas um dos melhores exemplos de como as sogras são queridas na cultura brasileira vem de uma música de Bezerra da Silva: “Sequestraram minha sogra, bem feito pro sequestrador/ Ao invés de eu pagar o resgate, foi ele quem me pagou”. Quanto amor!
Um dia só para essa pessoa querida…
Dia 28 de abril é marcado no Brasil como o “Dia da Sogra”. Mas porque uma data comemorativa para uma pessoa que é vista como megera? Não há uma história oficial, mas uma matéria de 2017 da Gazeta do Povo descreve duas lendas.
Uma diz que a data foi instituída em 1958, no governo de Juscelino Kubitschek, quando os servidores federais sofriam com pagamentos atrasados e pediam ajuda financeira justamente para elas, as sogras.
Já a outra lenda fala sobre um britânico que morava no Brasil e queria ter um zoológico em casa, incluindo uma sucuri. Como ele não conseguia falar o nome da cobra, ele a apelidou apenas de “sogra”. Anos depois, o presidente Jânio Quadros convidou seus funcionários para um café da manhã especial, em 28 de abril, dizendo que poderiam levar seus cônjuges e sogras. O tal britânico levou a esposa e a cobra. Assim, a data teria ficado marcada como o “Dia da Sogra”.
Se alguma dessas histórias é verdade, não temos como saber. O que sabemos é que 28 de abril é o Dia da Sogra e você pode aproveitar para lembrar da sua.