Anestésicos silenciam diretamente os neurônios excitatórios
Ainda se investiga o que acontece com o cérebro durante a anestesia geral, e um novo artigo do periódico The Journal of Neuroscience traz descobertas sobre esse enigma da medicina. Os neurocientistas da Queensland University of Technology (Austrália) perceberam que anestésicos interagem com tipos específicos de neurônios.
Receba as notícias do AlagoasWeb no seu WhatsApp
Desvendando os mistérios da anestesia geral: novas descobertas revelam mecanismos no cérebro
Antes de tudo, precisamos entender que existem os neurônios excitatórios, que nos deixam acordados, e os neurônios inibitórios, que regulam e controlam os excitatórios.
Os anestésicos silenciam diretamente os neurônios excitatórios, sem qualquer ação dos inibitórios. Então é o mesmo processo que acontece quando adormecemos.
Desvendando os mistérios da anestesia geral: novas descobertas revelam mecanismos no cérebro
Isso já estava muito claro. Mas o que os cientistas queriam saber: por que a pessoa continua dormindo depois que essa ação acontece? Porque o corpo desperta com facilidade, senão bastaria esperar a pessoa dormir naturalmente para conduzir uma cirurgia.
Anestesia geral afeta neurônios excitatórios
As proteínas estão por trás da comunicação dos neurônios. São elas que fazem com que os neurônios liberem os famosos neurotransmissores.
Conforme apresenta o novo artigo, a anestesia geral prejudica a capacidade dessas proteínas de liberar neurotransmissores, mas apenas em neurônios excitatórios.
Os neurônios excitatórios e inibitórios expressam diferentes tipos da mesma proteína, e a anestesia geral precisa que “tudo esteja no lugar” para fazer efeito.
Agora, o grupo australiano quer entender o que diferencia essas proteínas, para então ter uma noção mais clara de por que a anestesia geral interrompe apenas a comunicação excitatória.
“A neuroexocitose é seletivamente prejudicada nas sinapses excitatórias, enquanto as sinapses inibitórias permanecem funcionais. Isto sugere um mecanismo inibitório pré-sináptico que complementa os outros efeitos inibitórios dos anestésicos”, diz o estudo.
“Descobrimos que o anestésico isoflurano prejudica a liberação de neurotransmissores de sinapses excitatórias, e que isso está associado à imobilização de proteínas de liberação. As sinapses inibitórias não foram afetadas”, completa.
Cérebro durante a anestesia geral
Por enquanto, o que se sabe da reação do cérebro durante a anestesia geral é que as atividades e os impulsos do órgão caem para um ritmo baixo, mesmo no caso das frequências mais altas. Assim, quase todas operam na mesma frequência.
Ou seja: os medicamentos anestésicos fazem com que os circuitos cerebrais alterem os seus padrões de oscilação, assim os neurônios em diferentes regiões do cérebro já não conseguem se comunicar entre si. Resultado: perda de consciência, descrito na literatura médica como um “coma reversível”.
Como o cérebro acorda da anestesia?
Estudos também já mostraram como o cérebro se reinicia para sair do sono profundo da anestesia: a parte frontal do cérebro fica especialmente ativa enquanto a pessoa se recupera. É essa parte que lida com a tomada de decisões.
Quando o cérebro “reinicia” após a anestesia geral, também fica ativa a capacidade de resolução de problemas abstratos.