“Me sinto a pessoa mais burra da face da terra, depois de 5 anos de Direito, depois de 14 anos na Polícia Civil, eu não consegui aprender que pra prender um autor de estupro de vulnerável, eu tenho que esperar ele iniciar o ato sexual, eu tenho que esperar por mais que todas as provas indiquem que ele está indo pra consumar o ato sexual, mas ninguém pode provar, ninguém pode ter certeza. Tenho que esperar ele cometer, ele dar início ao primeiro ato sexual, ou seja, eu teria que esperar ele entrar em seu escritório com as meninas, arrombar a porta e pegar ele em flagrante, praticando o ato sexual, aí sim, ele seria preso em flagrante por estupro de vulnerável, eu estou me sentindo a pessoa mais burra da face dessa Terra”.
Foram com essas palavras que a delegada titular da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) Joilce Silveira Ramos, desabafou sobre a soltura dos sete presos, incluindo um advogado, após seis meses de investigação, que os envolvia em uma rede de pedofilia em Anastácio, contra três menores, de 11, 12 e 15 anos. Entre os presos estavam os pais e avós das meninas. Na visão do Judiciário, o homem teria que ser pego na hora da relação sexual com as menores.
Sem fiança, todos foram liberados neste sábado (28), após prisão na última terça-feira (24), onde o advogado foi flagrado pela própria delegada dentro de seu veículo, com as menores, onde havia bebidas alcoolicas, camisinhas e estimulantes sexuais, como o Viagra. Os familiares presos, que segundo investigação policial, tinham conhecimento do envolvimento e eram coniventes.
Durante exame de corpo de delito, uma das vítimas relatou ao médico legista que o advogado fazia sexo a três com as meninas de 11 e 12 anos. Foi confirmado que a menor de 11 anos não é mais virgem, a vítima de 12 anos estava menstruada, não sendo possível a realização do exame. Já a adolescente de 15 anos é virgem. Agora a Polícia Civil aguarda a autorização judicial para olhar o conteúdo dos celulares das vítimas e dos autores, para saber se há outros envolvidos e mais materialidade deste repugnante fato.
Como noticiado ontem por este jornal, o processo envolve menores, segue em segredo de justiça, mas uma das justificativas do juiz Luciano Pedro Beladelli, revelada por uma fonte , foi que o advogado não foi flagrado em situação de abuso e que, mesmo a Polícia Civil ter investigado o homem por aproximadamente 6 meses, e dentro do carro no momento da prisão ter camisinhas, bebidas e estimulantes sexuais, não há provas suficientes para manter a prisão do dele e nem dos familiares das menores. Fato que gerou revolta na autoridade policial que, junto com sua equipe fez todo um trabalho voltado para o caso.
A investigação policial trouxe à tona um caso de estupro de vulnerável que os familiares permitiam os abusos, então, além do advogado, também são investigados os avós e os pais de cada uma das meninas, que são primas. Todos são vizinhos. O advogado praticamente sustentava toda a família delas em troca da violência sexual. O homem pagava água, luz, comprava gás, além de dar dinheiro “pagando” para abusar das menores.
O caso – O advogado de 44 anos foi preso em flagrante nesta terça-feira (24) em Anastácio, ao ser flagrado com as adolescentes dentro de sua camionete em um esquema de pedofilia, já que, conforme citado na reportagem, a família toda era conivente com o fato.
De acordo com informações da investigação, a Delegacia da Mulher, que também cuida de casos envolvendo crianças e adolescentes, estava investigando há meses um esquema de pedofilia envolvendo o advogado, onde este estuprava adolescentes em motéis da região. A própria delegada Joilce Ramos estava monitorando o homem, quando acompanhou toda a movimentação, onde este foi flagrado em uma GM/Blazer com as três meninas em frente a rodoviária de Anastácio.
A delegada então chamou sua equipe, reforço da Polícia Militar e o advogado abordado. Na camionete estavam as adolescentes que estavam ingerindo bebidas alcoólicas junto com o homem. No carro também foram encontradas caixas com camisinhas e estimulantes sexuais, um conhecido como “viagra”. O homem justificou que estava levando as meninas para lancharem com a autorização dos familiares.
Ainda de acordo com a investigação, os estupros aconteciam uma vez por semana quando o advogado buscava as meninas na porta de casa e devolvia as adolescentes quatro horas depois.