Pesquisadores da Universidade de Tsukuba (Japão) descobriram que apenas 10 minutos de corrida de intensidade moderada aumentam o fluxo sanguíneo local para vários pontos no córtex pré-frontal bilateral – a parte do cérebro que desempenha um papel importante no controle do humor e das funções executivas.
Esse conhecimento pode ajudar a desenvolver uma gama mais ampla de recomendações para beneficiar a saúde mental, incluindo problemas como ansiedade, solidão, depressão e dificuldades de relacionamentos.
Há evidências muito claras de que a atividade física traz muitos benefícios, como a capacidade de melhorar o humor, mas, curiosamente, os estudos científicos anteriores se concentraram no ciclismo, por ser um exercício mais fácil de aplicar em experimentos de laboratório.
Correr, no entanto, sempre desempenhou um papel importante no bem-estar dos humanos. A forma e a eficiência únicas da corrida humana, que incluem a capacidade de sustentar essa forma de esforço (ou seja, trotar tranquilamente, em comparação a sair em disparada), e o sucesso evolutivo dos humanos estão intimamente ligados.
Apesar disso, os cientistas ainda não haviam examinado de perto os efeitos da corrida nas regiões do cérebro que controlam o humor e as funções executivas.
“Dada a extensão do controle executivo necessário para coordenar o equilíbrio, o movimento e a propulsão durante a corrida, é lógico que haveria um aumento da ativação neuronal no córtex pré-frontal e que outras funções nesta região se beneficiariam desse aumento nos recursos cerebrais,” justifica o professor Hideaki Soya – só que ninguém havia medido isto até agora.
Até agora os cientistas só haviam estudado os efeitos do ciclismo, não das corridas. Imagem: Chorphaka Damrongthai
Correr para melhorar a mente
Para testar sua hipótese, a equipe usou o bem conhecido Teste de Cores-Palavras de Stroop (John Ridley Stroop [1897-1973]) para coletar dados sobre as alterações hemodinâmicas associadas à atividade cerebral enquanto os participantes estavam envolvidos em cada tarefa.
Por exemplo, em uma tarefa, os voluntários recebiam informações incongruentes, ou seja, a palavra “vermelho” era escrita em verde, e o participante precisava nomear a cor, em vez de ler a palavra. Para fazer isso, o cérebro deve processar os dois conjuntos de informações e inibir as informações estranhas.
O chamado efeito de interferência Stroop foi quantificado pela diferença nos tempos de resposta para esta tarefa e aqueles para uma versão mais simples da tarefa – indicando os nomes das amostras de cores.
Os resultados mostraram que, após dez minutos de corrida de intensidade moderada, houve uma redução significativa no tempo do efeito de interferência de Stroop.
Além disso, a ativação pré-frontal bilateral aumentou significativamente durante a tarefa. E, após a corrida, os participantes relataram estar de melhor humor.
Dado que muitas características do córtex pré-frontal humano são exclusivamente humanas, este estudo não apenas lança luz sobre os benefícios reais da corrida, mas também sobre o possível papel que esses benefícios podem ter desempenhado no passado evolutivo dos humanos, escreveram os pesquisadores.