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Consultas e exames de rotina não melhoram nossa saúde

Consultas e exames de rotina não melhoram nossa saúde

O conselho de que você deve ir rotineiramente ao médico fazer uma checagem, mesmo não tendo nenhum sintoma, está por todos os lados em países como o Brasil e os EUA, mas esta não é uma unanimidade mundial.

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Consultas e exames de rotina não melhoram nossa saúde

O processo inclui uma consulta para pedir uma série de exames, como pressão arterial e exames de açúcar no sangue, para que as pessoas possam receber medicamentos, se necessário, além de alguns conselhos básicos sobre um estilo de vida saudável.

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O problema é que uma pesquisa após outra tem mostrado que os exames preventivos não necessariamente salvam vidas, mas a imprensa e as associações médicas continuam insistindo neles.

A Dra. Celeste McCracken e seus colegas da Universidade de Oxford (Reino Unido) não acharam que seria uma boa ideia apenas deixar de lado os chamados cuidados preventivos, e então resolveram checar novamente a questão usando uma enorme base de dados médica chamada UK Biobank (Biobanco do Reino Unido) para tentar descobrir se os exames de saúde fazem alguma diferença para pessoas que não apresentam sintomas. Eles rastrearam o que aconteceu com quase 50 mil pessoas que fizeram uma consulta preventiva e os exames solicitados durante a consulta, comparando-as com o mesmo número de pessoas que não aceitou o convite para a consulta preventiva.

Consultas e exames de rotina não melhoram nossa saúde

Nos nove anos seguintes, aqueles que fizeram um check-up tiveram uma taxa um pouco mais baixa de vários problemas de saúde, incluindo demência e doenças renais e hepáticas, bem como um risco 23% menor de morrer.

Viés das pesquisas
O problema é que esse tipo de estudo, não importa quantas pessoas envolva, tem um problema de viés: Os resultados são distorcidos pelo fato de as pessoas que fazem exames de saúde preventivos tenderem a ser diferentes das que não o fazem, de várias maneiras que as tornam menos propensas a adoecer. Por exemplo, aquelas que fazem check-ups tipicamente têm melhores condições de saúde e de vida, incluindo fazer mais exercícios.

A Dra McCracken sabe muito bem disso, e então tentou minimizar o viés combinando as pessoas do grupo que fizeram consulta e exames com as do grupo de controle tanto quanto possível, utilizando uma longa lista de fatores, tais como níveis de rendimento, estado de saúde e assim por diante.

Só que é quase impossível medir e contabilizar todos esses fatores, particularmente o fato de as pessoas que fazem checagens preventivas tenderem a ser mais conscientes sobre a própria saúde de várias maneiras. “Não importa quão bom seja o seu trabalho [na contabilização dos fatores de confusão], estas diferenças ainda existem,” disse Lasse Krogsboll, do Hospital Bispebjerg (Dinamarca), coautor da pesquisa.

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Não procure demais
Mas ainda restava uma esperança para tentar resolver a questão: Os ensaios randomizados, onde as pessoas são escolhidas aleatoriamente para serem convidadas. Em 2012, quando a Dinamarca considerava a introdução dos exames de saúde preventivos, como hoje se faz no Brasil, a equipe do Dr. Krogsboll analisou os resultados de 15 destes ensaios clínicos.

No cômputo geral dos ensaios clínicos randomizados, a conclusão é que as consultas e exames preventivos trazem pouco ou nenhum benefício em termos de doenças cardíacas, câncer, derrame ou mortes em geral. Como resultado, a Dinamarca descartou a ideia de recomendar aos seus cidadãos que fizessem os tais exames de rotina.

O Dr. Krogsboll atualizou a revisão em 2019, retirando os estudos muito antigos e pegando novos que haviam sido publicados, e as conclusões foram as mesmas.

Assim, recomendações e temores à parte, o saber científico continua sendo: Não deixe que o seu médico lhe faça um check-up geral.

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