A primeira vez que ouvi falar do nome do professor Milton Santos, foi em 2007 quando entrei no curso de Geografia da Universidade Federal de Alagoas e me deparei com leituras densas, com termos nunca visto antes, algo que me impressionou pela qualidade dos livros e obras. No ano de 2008 entrei em um grupo de pesquisa na UFAL que estudava as obras de Milton Santos, e achei aquilo a maior aventura de todos os tempos. Existiam pessoas que estudavam livros de determinados autores. E eu me perguntava: Como podem ter tanto assunto?
Foi assim que me identifiquei com os estudos de Milton Santos, tinha e ainda tem tanto assunto a ser discutido, suas principais obras falam de globalização, periferia, sobre o Brasil, sobre o território, o espaço em que vivemos, sobre países subdesenvolvidos, sobre economia, paisagem, lugar, sobre as questões urbanas, sobre noções de como compreender o mundo em que vivemos. Portanto, estudar Milton Santos é se conectar com a compreensão do mundo, é ter uma visão crítica da sociedade a qual vivemos e compreender as relações sociais e econômicas que constroem o espaço o qual habitamos.
Milton Santos, nasceu na Bahia, em Brotas de Macaúbas (BA), na Chapada Diamantina, em 3 de maio de 1926 e faleceu em 24 de junho de 2001, deixando um vazio na geografia brasileira. Ao longo de sua vida escreveu mais de 40 livros e recebeu vários prêmios por seu trabalho, como o Vautrin Lud, um dos prêmios mais importantes da Geografia mundial, e Milton foi o único geógrafo no Brasil e na América Latina, até os dias atuais, que teve essa honra.
Foi graduado em Direito na Universidade Federal da Bahia e fez doutorado em geografia na França, na universidade de Strasbourg. Teve uma vida intensa, foi professor universitário, teve oportunidade de atuar como jornalista na Bahia, no jornal “A tarde”, foi preso e exilado na época da ditadura no Brasil.
De origem Nordestina e negro, em uma época que ainda não tínhamos tanta tecnologia e avanço na sociedade, em que os espaços da educação ainda eram centralizados por uma elite branca, e que havia muito preconceito social, Milton Santos quebrou várias barreiras em seu tempo.
O professor Milton Santos, além de ter atuado em universidades como a USP, deu aula também na França, em universidades como as de Toulouse, Bordeaux e Sorbonne, sua ida para França de seu em função do exílio na época da ditadura 1964.
Das obras do professor Milton Santos, merece destaque, a obra, Por uma outra globalização, uma obra de fácil leitura e que nos ajuda a compreendermos o mundo em que vivemos, sob uma perspectiva crítica.
Para conhecer um pouco do professor Milton Santos, podemos ampliar nossas leituras através de artigos, livros do próprio autor, mas também de outros autores que se dedicam a estudar os temas do professor Milton Santos, e que ampliam a discussão deixada por ele. Tem-se também documentários, como o “Encontro com Milton Santos: O Mundo Global Visto do Lado de Cá, lançado no ano de 2006” do cineasta Silvio Tendler.
Por fim, o professor Milton Santos, merece ser conhecido por ter nos deixado um grande legado para que nós possamos compreender o mundo em que vivemos e sermos protagonistas para pensarmos um outro processo de globalização, mais humano e inclusivo.
Como dizia o professor Milton Santos “O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir”, portanto que possamos construir um novo mundo, mais humano e mais igualitário nessa sociedade tão contraditória em que vivemos.
E nunca esqueça!
Estudar é tão revolucionário, que muitas vezes somos impedidos(as) de termos acesso a uma boa educação. É por isso que o @escrevenordeste quer incentivar vocês a conhecerem um pouco do legado de autoras e autores do Nordeste, para você se inspirar e ir além (Raqueline da S. Santos).