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Comidas ultraprocessadas são prejudiciais para crianças

Estudo realizado com mais de 700 crianças de até um ano mostra que consumo de alimentos ultraprocessados podem impactar negativamente intestinos de bebês

Comidas ultraprocessadas são prejudiciais para crianças (imagem: Shutterstock)

Um estudo, publicado na revista Clinical Nutritioncomo, mostrou que alimentos ricos em açúcar, gordura saturada, sal e aditivos químicos favorecem bactérias prejudiciais ao intestino infantil. A pesquisa também aponta que a amamentação materna é um fator de proteção às crianças, amenizando os problemas que esses tipos de comida causam.

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Comidas ultraprocessadas são prejudiciais para crianças

O artigo faz parte do Estudo MINA – Materno-Infantil no Acre: coorte de nascimentos da Amazônia ocidental brasileira, que acompanha um grupo de crianças nascidas entre 2015 e 2016 em Cruzeiro do Sul (AC), com financiamento da FAPESP.

Como detalha a Agência FAPESP, o estudo mostra que crianças amamentadas tiveram abundância do microorganismo benigno Bifidobacterium, gênero de bactérias famosamente associado à boa saúde intestinal.

Por sua vez, as que não eram amamentadas e comiam ultraprocessados tiveram abundância de bactérias Selimonas e Finegoldia, que são pouco encontradas nas crianças amamentadas e típicas em pessoas obesas ou com doenças gastrointestinais.

Comidas ultraprocessadas são prejudiciais para crianças

“Identificamos, ainda, que o aleitamento materno atenuou os efeitos prejudiciais do consumo de ultraprocessados na composição da microbiota intestinal. O grupo de crianças que recebia o leite materno e não consumia produtos ultraprocessados apresentou microbiota mais estável e com melhores marcadores de saúde, principalmente pela maior abundância de Bifidobacterium”, conta o primeiro autor do estudo, Lucas Faggiani.

“Não existia, até hoje, um estudo com tantos participantes que analisasse, ao longo do primeiro ano de vida, a composição da microbiota intestinal em relação ao consumo de produtos ultraprocessados, justamente quando o sistema imune está se formando. Ainda que a região seja de difícil acesso, esses produtos podem ser obtidos facilmente e acabam substituindo alimentos tradicionais e, até mesmo, o aleitamento materno”, explica Marly Cardoso, professora e coordenadora do projeto.

Além da quantidade de bebês pesquisados, Faggiani explica que o estudo também se destaca pela população estudada, na região amazônica, pessoas com vulnerabilidade social, o que contribui para a investigação de problemas pouco conhecidos dessa população anteriormente.

Realização da pesquisa sobre ultraprocessados em crianças

Comidas ultraprocessadas são prejudiciais para crianças

Amostras fecais são bastante eficientes para se analisar a microbiota de um indivíduo.
(Imagem: Shutterstock/Microgen)

Resultados e conclusões
Além dos níveis de BifidobacteriumSelimonas e Finegoldia, os pesquisadores detectaram a ocorrência maior de bactérias do gênero Firmicutes nas crianças que não amamentavam, mas, também, não comiam ultraprocessados. Esse gênero é um marcador de uma microbiota adulta, o que sugere maturidade precoce do sistema digestivo devido à falta de leite materno.

Bactérias do gênero Blautia também foram muito encontradas nas crianças desmamadas e consumidoras de ultraprocessados. Porém, ainda não há consenso sobre um potencial benéfico ou prejudicial desse tipo de microorganismo, segundo Faggiani.

“Havíamos notado que o consumo de produtos ultraprocessados ocorria em mais de 80% das crianças participantes do estudo já no primeiro ano de vida, quando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é não oferecer esses produtos antes dos dois anos de idade. Diante desses resultados, seguimos acompanhando essas crianças para monitorar os possíveis desfechos adversos à saúde a longo prazo”, conclui Cardoso.

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