Cientistas descobrem 14 novas espĂ©cies ou gĂȘneros de fungos em Alagoas

Por: Ascom UFAL  Data: 17/06/2023 Ă s 11:12

A ciĂȘncia pulsa na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Um grupo de pesquisadores vinculados ao Instituto de CiĂȘncias BiolĂłgicas e da SaĂșde (ICBS) tem alcançado resultados expressivos em pesquisas relacionadas Ă  biodiversidade, Ă  taxonomia e Ă  biotecnologia microbiana. Os cientistas descobriram, num perĂ­odo de dez anos, 14 novas espĂ©cies ou gĂȘneros de fungos existentes em biomas como a Mata AtlĂąntica e a Caatinga.

Os trabalhos desenvolvidos na Ufal demonstram potencial para contribuir com o crescimento da indĂșstria de combustĂ­veis. Isso, a partir da produção de enzimas de importĂąncia biotecnolĂłgica, e com processos de remediação de ĂĄreas contaminadas – em especial as contaminadas por hidrocarbonetos, como o petrĂłleo, por exemplo, que, recentemente, afetou diversas praias do litoral brasileiro, exigindo atuação rĂĄpida do poder pĂșblico.

AlĂ©m disso, os pesquisadores que integram o ICBS passaram a estudar a interação entre microbiota – microrganismos que fazem parte do organismo humano – e macro-organismos, que sĂŁo organismos vivos que podem ser vistos a olho nu. “Estamos trabalhando a relação entre a microbiota e a epilepsia, bem como a microbiota e os corais branqueados da APA Costa dos Corais”, explicou a professora e pesquisadora Melissa Landel.

A docente coordena, desde 2013, quando chegou a Alagoas vinda do Rio Grande do Sul, um grupo que, atualmente, conta com dez colaboradores e que envolve desde estudantes de graduação, por meio de programas de Iniciação Científica, até estudantes de doutorado, envolvendo programas de pós-graduação da Ufal.

“O nosso laboratĂłrio conta com alunos de graduação e de pĂłs-graduação, alĂ©m de professores e discentes colaboradores de outros laboratĂłrios e institutos da Ufal, bem como colaboraçÔes com outras universidades. Nosso grupo jĂĄ descreveu vĂĄrias espĂ©cies novas de leveduras, algo bastante significativo e pioneiro, sobretudo por se tratar de biomas tĂ­picos da regiĂŁo Nordeste”, acrescentou a professora Melissa.

Para marcar as descobertas, as novas espĂ©cies ou gĂȘneros de fungos foram nomeadas em homenagem aos locais em que foram encontradas. “Comumente, nessas descobertas, sĂŁo homenageados pesquisadores renomados na ĂĄrea ou hĂĄ uma referĂȘncia ao substrato de isolamento dos micro-organismo ou ainda ao local onde houve o achado. Foi assim que foram nomeadas as espĂ©cies Valentiella maceioensis sp. nov.Vishniacozyma alagoana sp. nov. e Carcinomyces nordestinensis sp. nov”, expĂŽs Landel.

Para 2023, o grupo liderado pela pesquisadora deve seguir desenvolvendo projetos e parcerias na ĂĄrea de biotecnologia, incluindo projetos no Ăąmbito de um novo programa Institutos Nacionais de CiĂȘncia, Tecnologia e Inovação (INCTs) para estudos com leveduras. “Este projeto foi aprovado no edital de 2022 e tem coordenação da UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais], mas que conta tambĂ©m com a participação de vĂĄrios estudiosos em leveduras nĂŁo sĂł do Brasil, como tambĂ©m de instituiçÔes no exterior, alĂ©m do nosso grupo aqui da Ufal”, ressaltou a docente.

Além desses projetos, os pesquisadores da Ufal também vão integrar uma rede criada recentemente, chamada de Manguebits, que envolve instituiçÔes nacionais e internacionais para o estudo e a restauração inteligente de manguezais utilizando micro-organismos. A iniciativa contarå com a participação de alunos de graduação e pós-graduação da Ufal.

“No nosso grupo, a integração Ă© feita por meio da orientação e da participação efetiva dos nossos discentes, tanto alunos Pibic [Programa de Bolsas de Iniciação CientĂ­fica], quanto alunos de mestrado e doutorado dos PPGs [Programas de PĂłs-graduação] que faço parte. AlĂ©m disso, os alunos tĂȘm participado de publicaçÔes de alto impacto e colaboraçÔes com outros pesquisadores e instituiçÔes de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior”, complementou Landel.

Para Victor Tavares, estudante do curso de Licenciatura em CiĂȘncias BiolĂłgicas pela Ufal, integrar o laboratĂłrio coordenado pela professora Melissa Landel e ter a oportunidade de colaborar com pesquisas de alto impacto para a regiĂŁo Nordeste e para o paĂ­s contribui de forma significativa para a sua formação como professor e como pesquisador.

“Integrar um laboratĂłrio modifica muito a sua visĂŁo e o que vocĂȘ pensa sobre o que Ă© ciĂȘncia, principalmente para os estudantes de licenciatura, porque permite a integração entre o que a gente vĂȘ na teoria e o que Ă© desenvolvido aqui dentro. A gente começa a ler mais, a aprender mais, a interpretar mais e começa a entender processos que antes de fazer parte do laboratĂłrio nĂŁo conseguĂ­amos entender”, relatou Victor Tavares.

O doutorando Ciro FĂ©lix sabe bem como a ciĂȘncia pode transformar vidas. Hoje concluinte da pĂłs-graduação, o doutorando chegou ao laboratĂłrio coordenado pela professora Melissa Landel hĂĄ dez anos. “O envolvimento com a pesquisa começou de modo despretensioso. A professora Melissa havia acabado de chegar a Alagoas, e eu fui indicado para desenvolver pesquisas, algo muito presente na formação em CiĂȘncias BiolĂłgicas”, afirmou Ciro FĂ©lix, que chegou atĂ© o laboratĂłrio por meio do Pibic.

O caminho entre a graduação e o doutorado nĂŁo foi fĂĄcil, mas, ao olhar para trĂĄs, o pesquisador se orgulha de sua trajetĂłria. “O amadurecimento demandou tempo, claro, mas tambĂ©m demandou orientação. A liberdade cientĂ­fica que eu tive acabou me incentivando muito. Quando a gente sai do automĂĄtico e busca entender a importĂąncia da ciĂȘncia e do mĂ©todo cientĂ­fico, a gente amadurece”, acrescentou Ciro FĂ©lix.

O doutorando conclui ressaltando que a ciĂȘncia deve seguir presente em sua vida. “Eu pretendo, sim, continuar na vida acadĂȘmica. Eu pretendo ser professor em uma universidade e replicar muito do que eu aprendi aqui, com o mĂ©todo cientĂ­fico, e quem sabe, formar um prĂłximo aluno, desde a graduação atĂ© o doutorado, como aconteceu comigo”, finalizou FĂ©lix.