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Cientistas brasileiros caminham rumo ao transplante de órgãos de porcos para humanos

Ministério da Saúde

Técnica desenvolvida no Brasil visa ao transplante de órgãos de porcos para humanos

A possibilidade de reduzir ou mesmo acabar com a fila de transplante de órgãos no Brasil pode se tornar uma realidade por meio do xenotransplante.

Este é o nome dos transplantes de órgãos entre duas espécies diferentes – neste caso, entre porcos (Sus scrofa domesticus) e humanos (Homo sapiens).

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“Os órgãos dos suínos são muito semelhantes aos de humanos, mas se fossem transplantados hoje seriam rejeitados. A ideia é modificá-los para que se tornem compatíveis com o organismo humano,” explicou a professora Mayana Zatz, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

Atualmente, porcos modificados para esse fim são criados em países como Alemanha e Estados Unidos, com resultados promissores de transplantes de seus órgãos em macacos.

Segundo a geneticista, três genes que provocam a rejeição são bem conhecidos. Desativando-os por meio da técnica de edição gênica conhecida como Crispr-Cas9, é possível fazer com que o sistema imunológico humano não rejeite os órgãos.

Transplante de animal para humano
No projeto realizado pela equipe brasileira, que reúne pesquisadores de várias instituições, o soro do sangue dos porcos geneticamente modificados será testado com o de pessoas que estão na fila de transplante de rim, a fim de verificar a presença de anticorpos que possam rejeitar os órgãos suínos na população brasileira.

Simultaneamente, a equipe irá desenvolver novos protocolos de acompanhamento de futuros pacientes transplantados, a fim de monitorar no sangue o surgimento de anticorpos que possam causar rejeição.

“Trata-se de desenvolver um produto de base biotecnológica nacional, cujo objetivo final será prover à população em fila de espera para transplantes uma alternativa terapêutica viável e definitiva, que pode encurtar o sofrimento do paciente e seus familiares,” disse Zatz.

Hoje, mesmo transplantes entre humanos exigem que o transplantado tome medicamentos imunossupressores, alguns para o resto da vida, a fim de combater a rejeição. No caso dos que precisam de transplante de rim, há ainda um custo elevado em hemodiálise daqueles que esperam por um novo órgão.

A fase inicial do projeto tem duração prevista de três anos e prevê ainda compatibilizar aspectos éticos, religiosos e legais do xenotransplante, pela criação de uma disciplina para discutir o assunto, o que será feito por meio do Instituto de Estudos Avançados da USP.

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