A Companhia Energética de Alagoas (Ceal) – a última das seis distribuidoras que ainda estavam sob controle da Eletrobrás – foi privatizada hoje (28). A empresa foi arrematada pela empresa Equatorial Energia, em leilão realizado na B3, antiga BM&F Bovespa, na capital paulista.
A proposta, a única apresentada, apresentou zero em deságio no combinado entre tarifa e outorga.
A Ceal atende a cerca de 3,3 milhões de habitantes do estado de Alagoas. A empresa tem cerca de 1,2 mil empregados, contando com os terceirizados. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o nível de endividamento da companhia aumentou em média R$ 210 milhões por ano, nos últimos cinco anos.
Segundo as regras do leilão, o novo concessionário deverá realizar aporte de capital de R$ 545,7 milhões antes de assumir a empresa e realizar investimentos da ordem de R$ 837,2 milhões durante os primeiros cinco anos da concessão. A empresa ficará responsável ainda pelo endividamento remanescente de R$ 1,8 bilhão.
O leilão da Ceal permaneceu impedido por decisão liminar, obtida pelo Estado de Alagoas no Supremo Tribunal Federal (STF), desde em junho passado. A decisão foi suspensa no último dia 3 de dezembro pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Capitalização
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, disse que a privatização das distribuidoras da Eletrobrás, encerrada hoje com o leilão da Ceal, abre caminho para a capitalização da empresa. De acordo com o ministro, os problemas financeiros da Eletrobrás estavam centrados em suas distribuidoras.
“A Eletrobrás estava em situação fragilizada interna e externamente. O nível de credibilidade era zero. E com problemas financeiros que se arrastavam há mais de 20 anos, ela tinha nessas empresas distribuidoras uma das principais causas da sua debilidade financeira. Hoje ela se reencontra com a possibilidade de pensar em levar a frente um processo de capitalização com sucesso”, disse o ministro.
O presidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior, disse que com o leilão de hoje a Eletrobrás sai do segmento de distribuição de forma definitiva. “Isso é importante para a companhia porque ela vai poder ter foco exatamente onde ela é relevante para o Brasil. Ela detém mais de 30% da geração [de energia], quase 50% da transmissão”.
Segundo ele, após a privatização o número de funcionários da empresa passou de 26 mil para 14 mil após a privatização das distribuidoras. “É uma reestruturação importante, uma redução de quase 30% dos nossos custos com gente, que é o maior custo que nós temos”, acrescentou.