A violência nunca deve ser apoiada. Tanto quem a sofre quanto quem a teme sofrer devem estar conscientes de que a sua prevenção está intimamente relacionada com questões sociais como políticas públicas que tornem possível o acesso a bens da vida e à cultura de paz.
Ocorre que a pena, enquanto retribuição pelo mal causado (um crime), jamais será, por si só, suficiente para evitar casos do gênero. Pensar assim é irracional. Enquanto seres humanos, há de se prezar pela prevenção mais do que pela penalização. Quando há pena, quando há crime, nós já sofremos uma pancada dolorosa no nosso desejo por paz. Quando alguém é preso(a), já choramos o choro da derrota. A injustiça já está feita. Nossos objetivos são mesquinhos quando restritos ao ódio por quem infringiu a ordem jurídica, pois de muito pouco nos serve esse rancor. Tudo bem, faz jus ao ilícito penal a sanção penal, a consequência jurídica, a pena, mas isso é muito pouco para o que almejamos enquanto povo. Não é suficiente e, nas condições do sistema prisional brasileiro, também é ineficiente, haja vista que a própria prisão só piora as condições formativas do indivíduo condenado, agravando a situação.
A gente precisa mesmo é evitar que a violência aconteça. Nossa luta não é uma quebra de braço, mas há de ser um eterno sonho pelo abraço. E esse sonho só se constrói pelos caminhos da paz, da justiça social e do reconhecimento do outro como sujeito de direitos. Disse isso aqui recentemente. Sobre o candidato, sinto muito, sinceramente… que ele passe bem! e que também o queira para todos(as): ricos, pobres, negros, mulheres, homossexuais, indígenas; mortadelas e coxinhas. Todos(as) merecemos respeito e a violência só gera violência.
Pela enésima vez, aquela citação que tanto gosto:
“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. Meditações VII, John Donne