Happy hours, rolês, aquela auto-indulgência após uma puxada de ferro na academia: o brasileiro gosta de tomar uma cerveja em qualquer boa oportunidade, estando em terceiro entre os países que mais consomem a bebida. Cada brasileiro, em média, consome seis litros do líquido a cada mês.
Consumir cerveja demais, no entanto, pode causar desde gastrite e problemas renais até infarto, trombose e problemas no fígado devido à quantidade de álcool e alto índice de carboidratos e calorias. Isso pode estar chegando ao fim: cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara usaram seu doutorado para tornar a bebida mais saudável ao transformá-la em isotônico.
Pilsen isotônica
Deborah Oliveira De Fusco e Gustavo Henrique de Almeida Teixeira, quando doutorandos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFar), procuraram maneiras de alterar o processo de fermentação da cerveja, fazendo com que ela pudesse repor sais minerais nutrientes e ser consumida após exercícios físicos — ou seja, tornando-a um isotônico. A nova cerveja foi batizada de “Pilsen” pelos pesquisadores.
Para realizar o procedimento, a fermentação das leveduras foi controlada, e foram adicionados sódio e potássio. A fermentação dos cereais — que normalmente dura até 10 dias — foi interrompida no segundo dia após a adição das leveduras, deixando o teor alcoólico da bebida inferior a 1%, chegando a até 0,02%, bem menos do que as cervejas comuns, que têm de 4% a 10% de álcool. Isso leva a nova bebida a competir com as atuais cervejas zero.
Outra vantagem da Pilsen é que ela ainda contém as propriedades antioxidantes da cerveja, que retardam o envelhecimento das células. Normalmente, a substância se faz presente na bebida em composto fenólicos, que, no caso da cerveja, vem do malte e do lúpulo. Segundo os cientistas, esses compostos irão atuar de forma semelhante aos antioxidantes das frutas e verduras comuns em nossa dieta.
A nova bebida foi testada por 115 voluntários, que aprovaram o resultado. A Pilsen foi patenteada pela Agência Unesp de Inovação (AUIN) e pode ser fabricada por qualquer cervejaria, sem investimentos extras ou complicações nos processos atuais. Até o momento, no entanto, não há nenhum contrato fechado entre empresas e a patente da mais nova e brasileiríssima cerveja isotônica.