O bispo Zadoque estava em um culto no bairro da Gameleira, na Ilha de Itaparica, quando recebeu a visita dos policiais e foi preso, na quarta-feira, dia 15, em Salvador (BA).
Weslen Pablo Correira de Jesus, conhecido como “Zadoque” está sendo investigado por participação na morte da pastora e cantora gospel Sara Mariano e estava sentado no templo quando os policiais chegaram. O bispo de 31 anos foi chamado de lado, informado sobre a ocorrência e se entregou. Nesta quinta, a Justiça manteve a prisão preventiva dele.
Bispo suspeito de participar de morte de pastora é preso durante o culto
Segundo o advogado do bispo, Dielson Monteiro, o suspeito não ofereceu resistência. A defesa disse que, à primeira vista, não viu ilegalidade na prisão, mas frisou que assumiu o caso recentemente e que ainda vai analisar o processo com calma. Haverá uma reunião no escritório, nesta quinta-feira, entre os advogados de defesa para discutir o caso.
“Não tivemos ainda o acesso total ao inquérito policial, vamos nos debruçar e analisar tudo. A audiência de custódia foi para avaliar se a prisão foi legal, porque já havia um mandado de prisão temporária contra ele, ou seja, os indícios de autoria e materialidade já haviam sido analisados. A audiência foi para analisar se o mandado foi feito da maneira certa, como exige a lei”, explicou.
A audiência de custódia foi realizada na manhã desta quinta-feira (16), e na saída do fórum de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana, houve tumulto. Aos gritos de “assassinos”, “monstros”, “vagabundos” e “criminosos” um grupo de manifestantes cobrou por justiça, e alguns tentaram agredir o bispo. Uma mulher conseguiu acertas algumas bolçadas nele. Zadoque permaneceu em silêncio até entrar no camburão.
O segundo suspeito, o ministro do evangelho e motorista por aplicativo, Gideão Duarte, estava em casa com a mulher e dos dois filhos, de 7 e 9 anos, em Camaçari, quando os policiais chegaram. O advogado dele, Carlos Augusto Vaz, afirmou que não houve resistência, mas considerou a prisão desproporcional. Ele disse que o cliente tem residência fixa, não tem antecedentes criminais e que Gideão está colaborando com a investigação.
“A prisão foi mantida porque o Ministério Público entende que a prisão é necessária para que as investigações se desenrolem de maneira mais eficiente. A defesa não concordou com isso. O Gideão tem auxiliado a polícia, ele tem interesse que mais rápido possível se elucide esses fatos. Vamos continuar guerreando contra essa prisão”, afirmou Vaz.
Os dois suspeitos estão na carceragem da Delegacia de Dias D´Ávila e serão transferidos para o Centro de Observação Penal, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. A data para essa mudança não foi confirmada. A prisão é temporária, o que significa que a polícia tem 30 dias para apresentar provas e concluir o inquérito.
O advogado de Gideão, Carlos Augusto Vaz, foi procurado para informar se a decisão de prisão temporária será recorrida, mas não houve retorno.
Crime
Segundo a polícia, a morte da pastora Sara Mariano começou a ser planejada em 24 de setembro. O marido dela, o produtor musical e também pastor, Ederlan Mariano, está preso suspeito de ser o mandante do crime. A motivação foi problemas conjugais. A polícia não forneceu detalhes, mas a suspeita é de que a vítima tenha tido uma relação extraconjugal.
Um mês depois, na noite de 24 de outubro, Sara Mariano saiu do bairro de Valéria, em Salvador, para participar de um suposto evento religioso em Dias D’Ávila, e nunca mais foi vista. O marido prestou queixa na delegacia relatando o desaparecimento, e três dias após o sumiço o corpo da pastora foi encontrado carbonizado às margens da BA-093, na altura de Dias D’Ávila.
A polícia descobriu que Gideão foi o motorista por aplicativo que buscou Sara Mariano em casa naquela noite. Ele já havia dirigido para a pastora em outros momentos. O veículo fez uma parada no meio do caminho, a vítima desceu e entrou em outro veículo. É o que alega Gideão.
Os investigadores apuraram que o bispo Zadoque estava no carro em que Sara entrou. A polícia investiga a participação dos dois e de Ederlan no desaparecimento e na morte da cantora gospel.
Bispo suspeito de participar de morte de pastora é preso durante o culto