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Bebês de grávidas bilíngues falam de modo diferente quando nascem

Pesquisadores colocaram eletrodos na testa dos bebês para medir um tipo específico de resposta eletrofisiológica do cérebro

Bebês de grávidas bilíngues falam de modo diferente quando nascem (Imagem: Diário da Saúde)

Já está bem comprovado que os bebês no útero ouvem e isso influencia seu futuro aprendizado da linguagem, pelo menos no terceiro trimestre. Por exemplo, experimentos mostraram que os recém-nascidos já preferem a voz da mãe, reconhecem uma história que lhes foi contada repetidamente enquanto estavam no útero e distinguem a língua nativa da mãe.

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Bebês de grávidas bilíngues falam de modo diferente quando nascem

O que não se sabia até agora era como os fetos em desenvolvimento aprendem a falar quando a mãe lhes fala numa mistura de línguas, algo que é mais comum do que se imagina: Existem 3,3 bilhões de pessoas bilíngues (43% da população) em todo o mundo e, em muitos países, o bilinguismo ou multilinguismo é a norma.

“Ao nascer, os recém-nascidos de mães bilíngues parecem mais sensíveis a uma gama mais ampla de variações acústicas da fala, enquanto os recém-nascidos de mães monolíngues parecem estar mais sintonizados seletivamente com o único idioma em que estiveram imersos,” contou a professora Natália Gorina-Careta, da Universidade de Barcelona (Espanha).

A equipe realizou seu estudo na Catalunha, onde 12% da população usa habitualmente catalão e espanhol. Entre as mulheres grávidas voluntárias, 59% falavam duas línguas (pelo menos 20% do tempo para a segunda língua): espanhol e catalão ou uma combinação de uma destas línguas com línguas como árabe, inglês, romeno ou português.

“As línguas variam nos aspectos de tempo da fala, como ritmo e acentuação, mas também no tom e nas informações fonéticas. Isso significa que se espera que os fetos de mães bilíngues estejam imersos em um ambiente acústico mais complexo do que os de mães monolíngues,” comentou o professor Carlos Escera, membro da equipe.

Aprendizado no útero
Os pesquisadores colocaram eletrodos na testa dos bebês para medir um tipo específico de resposta eletrofisiológica do cérebro, chamada “resposta de seguimento de frequência” (RSF), à reprodução repetida de um estímulo sonoro cuidadosamente selecionado, com 250 milissegundos de duração e composto de quatro estágios: a vogal “o”, uma transição, a vogal “a” em tom constante e “a” aumentando em tom.

A RSF mede com que precisão os picos de ação produzidos pelos neurônios no córtex auditivo e no tronco cerebral imitam as características das ondas sonoras do estímulo. Uma RSF mais acentuada é uma evidência de que o cérebro foi treinado de forma mais eficaz para captar precisamente aquele som. Assim, entre outras utilidades, a RSF pode ser usada como medida do grau de aprendizagem auditiva, experiência linguística e treinamento musical.

De fato os resultados mostraram que o cérebro dos bebês de mães monolíngues aprendeu a tornar-se sensível ao máximo ao tom da linguagem. Em contraste, o cérebro dos bebês das mães bilíngues parece ter-se tornado sensível a uma gama mais ampla de frequências, mas sem gerar a resposta máxima a nenhuma delas. Pode, portanto, existir um compromisso entre eficiência versus seletividade na aprendizagem sobre o tom.

“Nossos dados mostram que a exposição pré-natal à linguagem modula a codificação neural dos sons da fala medida no nascimento. Esses resultados enfatizam a importância da exposição pré-natal à linguagem para a codificação dos sons da fala no nascimento e fornecem novos insights sobre seus efeitos,” disse o professor Carlos.

Bebês de grávidas bilíngues falam de modo diferente quando nascem

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