BiocompatĂvel, os pesquisadores fabricaram seus eletrodos com uma liga Ă base de sĂłdio e ouro nanoporoso
Bateria que recarrega com oxigĂȘnio do corpo tambĂ©m pode destruir tumores. De marcapassos a neuroestimuladores, os dispositivos mĂ©dicos implantĂĄveis dependem de baterias para manter o coração batendo e salvar vidas. Mas baterias se descarregam e, neste caso, nĂŁo Ă© uma simples questĂŁo de plugĂĄ-las na tomada para recarregar: Ă necessĂĄrio fazer uma cirurgia para substituĂ-las.
Bateria que recarrega com oxigĂȘnio do corpo tambĂ©m pode destruir tumores
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Para evitar tamanho inconveniente e risco para os pacientes, cientistas desenvolveram agora uma bateria que funciona usando o oxigĂȘnio presente no prĂłprio corpo. Nos primeiros testes em animais de laboratĂłrio, os protĂłtipos da bateria forneceram energia estĂĄvel e se mostraram totalmente compatĂveis com o sistema biolĂłgico.
“Quando vocĂȘ pensa sobre isso, vĂȘ que o oxigĂȘnio Ă© a fonte da nossa vida,” comentou o professor Xizheng Liu, da Universidade de Tecnologia de Tianjin (China). “Se pudermos aproveitar o fornecimento contĂnuo de oxigĂȘnio no corpo, a vida Ăștil da bateria nĂŁo serĂĄ limitada pelos materiais finitos das baterias convencionais.”
Para construir uma bateria segura, eficiente e biocompatĂvel, os pesquisadores fabricaram seus eletrodos com uma liga Ă base de sĂłdio e ouro nanoporoso, um material com poros milhares de vezes menores do que a largura de um fio de cabelo. O ouro Ă© conhecido pela sua compatibilidade com os sistemas vivos, e o sĂłdio Ă© um elemento essencial e onipresente no corpo humano. Os eletrodos sofrem reaçÔes quĂmicas com o oxigĂȘnio do corpo para produzir eletricidade. Para proteger a bateria, os pesquisadores a envolveram em uma pelĂcula de polĂmero porosa, macia e flexĂvel.
O protĂłtipo da bateria de oxigĂȘnio foi implantada sob a pele das costas de ratos de laboratĂłrio. Duas semanas depois do implante, a bateria produzia tensĂ”es estĂĄveis entre 1,3 V e 1,4 V, com uma densidade de potĂȘncia mĂĄxima de 2,6 microwatts por centĂmetro quadrado (”W/cm2). Essa saĂda ainda Ă© insuficiente para alimentar dispositivos mĂ©dicos, mas uma bateria para o corpo humano poderĂĄ ser maior e produzir mais eletricidade. O ponto alto do projeto, atĂ© aqui, foi comprovar que Ă© possĂvel aproveitar o oxigĂȘnio do corpo para obter energia.
Bateria contra o cĂąncer
A equipe tambĂ©m avaliou reaçÔes inflamatĂłrias, alteraçÔes metabĂłlicas e regeneração dos tecidos ao redor da bateria. Os subprodutos das reaçÔes quĂmicas da bateria, incluindo Ăons de sĂłdio, Ăons hidrĂłxido e mesmo baixos nĂveis de perĂłxido de hidrogĂȘnio foram facilmente metabolizados pelo organismo e nĂŁo afetaram os rins e o fĂgado. Para surpresa dos pesquisadores, os vasos sanguĂneos dos animais tambĂ©m se regeneraram ao redor da bateria.
Bateria que recarrega com oxigĂȘnio do corpo tambĂ©m pode destruir tumores
“Ficamos intrigados com a produção instĂĄvel de eletricidade logo apĂłs a implantação,” contou Liu. “Acontece que tivemos que dar tempo para a ferida cicatrizar, para que os vasos sanguĂneos se regenerassem ao redor da bateria e fornecessem oxigĂȘnio, antes que a bateria pudesse fornecer eletricidade estĂĄvel. Esta Ă© uma descoberta surpreendente e interessante porque significa que a bateria pode ajudar a monitorar a cicatrização de feridas.”
A bateria é fåcil de fabricar em escala industrial e uma escolha de materiais mais barato pode reduzir ainda mais seu preço.
Curiosamente, essa bateria também pode ter outras aplicaçÔes, com uma atuação inesperada contra o cùncer, não fornecendo energia, mas retirando energia do tumor.
“Como as cĂ©lulas tumorais sĂŁo sensĂveis aos nĂveis de oxigĂȘnio, implantar esta bateria consumidora de oxigĂȘnio em torno delas pode ajudar a matar o cĂąncer de fome. TambĂ©m Ă© possĂvel converter a energia da bateria em calor para matar as cĂ©lulas cancerĂgenas,” disse Liu. “Desde uma nova fonte de energia atĂ© potenciais bioterapias, as perspectivas para esta bateria sĂŁo animadoras.”