Dia 31 de julho de 2009. Era por volta de meia-noite quando o celular de minha mãe emitia alguns sons polifônicos. Atendíamos, em seguida, a ligação mais dolorosa que minha família já recebeu. Havia falecido Dona Morena, minha avó materna. Uma visita aos filhos residentes no interior de São Paulo acabou sendo, também, a sua despedida.
Hoje, passados oito anos do seu falecimento, continuo a sentir falta de ser presentado, quase que diariamente, com a visita daquela idosa magrinha, de sorriso satisfeito e olhar carinhoso. O olhar mais lindo e mais piedoso que já tive a honra de ter diante de mim. Dona Morena também era dona de muitos encantos, os quais prevalecerão, em desfavor do tempo, eternizados nos corações de todos os seus familiares.
Acredito que os avós são, claramente, sinônimos de tesouros. Cada avó representa o desabrochar de outros tantos sopros de vida, é autêntica expressão de doçura e de cuidado. Elas carregam consigo inúmeras experiências, histórias e marcas de vida. Merecem, também por isso, máximo respeito e proteção.
No plano social, inclusive, esse meu amor converte-se no sonho de, num certo dia, em algum lugar do futuro, ter a felicidade de ver todas as vovós e vovôs serem bem tratadas. Evitar negligências que os idosos sofrem por conta da sua idade, posição e estado físico seria um bom começo. Os serviços de saúde, mais do que nunca, devem estar em constante aperfeiçoamento, dado o crescente aumento da população de terceira idade no nosso país.
Ao ver cada idosa, também vejo nela minha falecida avó. Essa recordação faz reviver um antigo sonho em que todos passam a amar mais e a reconhecer, no outro, alguém tão digno de respeito quanto a qualquer rei. É reviver o sonho de aproveitar cada momento dessa vida, enquanto a partida não retira, de nós, algum tesouro. E, lá no fundo, também somos um tesouro: insubstituíveis, amáveis e amantes.
É com essas palavras que, nesta data, eu abraço, com tantas saudades, as recordações de Dona Morena e os sonhos por uma sociedade mais acolhedora de seus tesouros, pois embora transcendentes, serão sempre imortais.