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Raqueline da Silva Santos

Auritha Tabajara, Indígena, Cordelista e Nordestina

COMPARTILHE Whatsapp Facebook Twitter Data: 30/11/2020
Fonte de Imagem:ArteBrasileiros

“Sou mulher que ainda chora; Por tão grande escuridão; Minha essência está aqui; Dentro do meu coração; De um Brasil ensanguentado; Onde ninguém é culpado; Mulher da mesma nação!”

Auritha Tabajara

Professora, escritora, cordelista e natural do Ceará, Auritha Tabajara é um exemplo de mulher que tem quebrado as barreiras do preconceito em nossa sociedade. De origem indígena ressalta as tradições de seu povo e luta pela diversidade.

Morou em São Paulo, onde sentiu o preconceito, mas não desistiu, continuou lutando e se reafirmando. Em função da Pandemia, voltou para o Ceará e se encontra ao lado de sua avó, sua maior inspiradora. A autora é neta de uma das maiores contadoras de história do povo Tabajara, Francisca Gomes.

Auritha, é reconhecida por seu belo trabalho, contando histórias que nos encanta. Já publicou livros, como o ““Magistério Indígena em Verso e Poesia”, que foi publicado em 2007 e é adotado pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará, tornando sua obra obrigatória nas escolas e o livro “Toda luta, a história e a tradição de um povo” que retrata história e as tradições do povo Tabajara.

É uma grande conquista para Auritha, ocupar os espaços da educação, mostrando o potencial dos povos indígenas e a riqueza de sua cultura. Além do livro acima mencionado, a autora tem outro livro intitulado “Coração na Aldeia, pés no mundo”. Onde ela conta sua história.

Uma jovem cearense, do povo tabajara que tem se destacado pelo uso do cordel como instrumento de comunicação entre crianças e jovens da sociedade brasileira. Auritha já deu várias entrevistas, e já participou de grandes eventos nacionais e internacionais.

Terá sua vida contada no cinema através do filme “A Mulher Sem Chão”. Um filme ainda em processo de construção. O documentário que em breve ganhará telinhas, com 90 minutos contará a história de Ita que deixou sua terra natal para viver em uma grande cidade cosmopolita. O filme revela as nuances de sua personalidade e história pessoal, à medida que vão surgindo no cotidiano dessa mulher.

Auritha tem publicado textos em várias antologias e em revistas online como: Maria Firmina dos Reis, revista Acrobata, revista Poesia.org, entre outras.  A autora escreve de forma leve, fazendo arte, transcendendo uma energia através de suas palavras, como podemos ver no trecho abaixo.

Sou Auritha cordelista,
Nascida longe da praia,
Fascinada pela rima
E melodia da jandaia,
No Ceará foi a festa,
Meu leito foi a floresta,
Nas folhas de samambaia.

Auritha em uma entrevista ao site do Medium ressalta que sua escrita serve para incentivar outras mulheres, como ela mesmo afirma: “Escrevo para incentivar outras mulheres indígenas a contarem suas próprias histórias, chega dos não-indígenas dizerem o que acham de nós, nossa existência precisa ser registrada, lida e contada por nós mesmos. Acredito que nós, mulheres indígenas, temos a necessidade de crescer dentro e fora da aldeia”.

A voz de Auritha precisa ser ouvida por toda à sociedade brasileira. É um marco na história do povo indígena. É a valorização dos nossos ancestrais, é o respeito à natureza, são conhecimentos que precisam ser valorizados e semeados. É com grande prazer que o @escrevenordeste apresenta essa história linda de Auritha Tabajara, de luta e representatividade.

Estudar é tão revolucionário, que muitas vezes somos impedidos(as) de termos acesso a uma boa educação. É por isso que o @escrevenordeste quer incentivar vocês a conhecerem um pouco do legado de autoras e autores do Nordeste, para você se inspirar e ir além (Raqueline da S. Santos).
Fontes: Arte brasileiros; Medium; Itaú Cultural; Revista Acrobata.