Determinação é algo que nunca faltou para o gari Lúcer Clébio Campos, de 34 anos. Filho de um pedreiro e uma feirante, ele sempre lutou para melhorar de vida.
Agora, após 10 anos de muito estudo, Lúcer recebeu a notícia que está entre os aprovados no concurso público para técnico em enfermagem em Macapá, capital do Amapá, onde vive.
E a notícia, claro, foi muito comemorada, depois de uma história dura de superação.about:blank
História de superação
Aos 12 anos Lúcer foi trabalhar ajudando os pais. Aos 14, viu a mãe ser assassinada e foi quando ele decidiu que queria tomar um rumo diferente dos muitos jovens da periferia onde morava.
Em 2010, o gari iniciou um curso para técnico de cozinha. Após um ano, ingressou no curso de pedagogia, se formou em 2015 e também foi aprovado em um processo seletivo para técnico em enfermagem e agora aguarda ansioso ser chamado.
Segundo ele, foi uma época difícil: “Eu vivia praticamente para estudar. Às vezes, não me alimentava durante o dia todo, principalmente na época de estágios. Às vezes me faltava uma passagem de ônibus, mas eu persisti e consegui. Nessa época, a mãe dos meus filhos foi o meu braço direito. Vivemos juntos por 9 anos. Devo muita coisa a ela”.
Lúcer tem 2 filhos do coração com deficiência. Lucas Gabriel, de 16 anos, que tem paralisia cerebral e Luane Gabriele, de 14 anos, que tem déficit cognitivo. Ele também é pai biológico de uma garotinha, a Lívia Samara, de 9 anos.
Carreira e concurso público
Mesmo conseguindo se formar em todos os cursos nos quais foi aprovado, Lúcer sempre preferiu a área da saúde.
Ele conta que desde que perdeu o irmão, em 2016, sabia que queria trabalhar em hospitais. “Ele faleceu por falta de fisio respiratória […] e a Fisio me conquistou”.
Foi então que Lúcio foi aprovado em Fisioterapia, mas ainda não conseguiu se formar devido ao atraso causado pela pandemia.
A aprovação do concurso pela Secretaria Municipal de Saúde de Macapá (SEMSA), é um sonho antigo que está se realizado.
Hoje o gari conta que aguarda pacientemente a convocação, após dez 10 anos de muito esforço.
Para sustentar a família enquanto o fim dessa etapa não chega, Lúcer ainda atua como gari coletor e ressalta que, apesar do salário modesto, a profissão é muito bonita.
“É muito bom ser útil, limpar a cidade, vê-la bonita. Não tem preço”, concluiu.