Não é novo o discurso do presidente Jair Messias Bolsonaro acerca de sua possível aproximação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Bolsonaro se orgulha que não é apenas uma mera aproximação, mas que configura uma amizade entre os dois mandatários, ousou declarar inclusive que a pregressa indicação de seu filho, Eduardo Bolsonaro, para a embaixada brasileira em Washington seria mais fluida em virtude de tal. Entretanto, existem amigos e “amigos”.
A amizade entre os dois presidentes sempre foi marcada publicamente por mimos burocráticos e troca de elogios em eventos oficiais, nada muito além disso. Para a comunidade diplomática, esse tipo de relação entre dois Estados, configura um retrocesso em acordos e significa também a ausência de equilíbrio entre os países, e consequentemente, a balança pesará apenas para um lado.
Até hoje, o governo brasileiro tratou o governo americano com diversos abandonos, a principal é com relação retirada da obrigatoriedade de visto brasileiro para os americanos, ou seja, o turista americano que vier ao Brasil não precisa mais informar seus objetivos em terras brasileiras.
Essa amizade parece que só é notada apenas em um hemisfério, Trump não corresponde à altura que outrora era esperada pelo governo brasileiro, e consequentemente por nós, brasileiros. Ora, se Brasil oferece tantas regalias aos Estados Unidos, por que não é recíproco?
A resposta desta pergunta pode ser encontrada no histórico da Política Externa Americana, que desde as origens só se relacionava com países latinos com um objetivo oculto anteriormente preparado. E em 2019 não foi diferente.
Como a maior “prova de amizade” para com o governo americano, Bolsonaro regulou as relações comerciais e diplomáticas com a China, aí sim a nossa população sentiu na pele, no bolso e na mente as consequências de quando em um relacionamento, apenas uma das partes está amando. O principal resultado desses atos estamos vivendo agora, a estagnada da tecnologia 5G no Brasil, anteriormente projetada por empresa Chinesas, entre elas a Huawei. A argumentação do governo americano é que a empresa chinesa tem resquícios de espionagem, assim, só bastou essa informação para que o governo brasileiro desistisse do projeto e não evoluísse a tecnologia de internet no Brasil.
No que se refere à economia, o Brasil claramente está perdendo com essa “amizade”: Trump aumentou a tarifa de exportação de aço e alumínio em quase 30%, gerando prejuízos para os exportadores de metais brasileiros; o sonho brasileiro pela entrada na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) foi interrompido pelo apoio vago do governo americano, que priorizou os hermanos da Argentina, dando apoio formal na escalada ao órgão; ainda, os amigos americanos foram beneficiados com o aumento da cota anual de importação de etanol e trigo, detalhe, com uma baixa nos impostos, ou seja, o Brasil, o país de proporções continentais está comprando mais etanol e trigo do amigo Trump, e também, cobrando tarifas menores. Beneficiando unicamente os Estados Unidos.
Nos últimos dias, o impeachment de Trump é um tema recorrente nos Estados Unidos, inclusive já tendo sido aprovado na Câmara. Nada se fala no Brasil. Nada se comenta nos corredores do Palácio do Planalto ou do Congresso Brasileiro. Pelo visto, a amizade só aparece quando os beneficiados são os Estados Unidos.
Pois bem, nossas mães já nos diziam que devemos nos afastar de amizades que não nos levam a nada. Quanto tempo demorará para que a figura materna seja incorporada na amizade Trump-Bolsonaro e possa agir antes que o Brasil tenha mais consequências negativas?