Alimentos ultraprocessados (AUP) têm experimentado um aumento significativo em sua popularidade. Eles abrangem uma vasta gama de produtos, desde refeições prontas até lanches embalados, e têm conquistado espaço nas prateleiras dos supermercados.
Alimentos ultraprocessados: ruins para a saúde e para o meio ambiente
Atrativos pela sua conveniência e preços acessíveis, tais alimentos oferecem uma satisfação instantânea, são ricos em gorduras saturadas, açúcares, sal e aditivos. Apesar das discussões frequentes sobre os impactos negativos desses alimentos na saúde, como obesidade e doenças cardiovasculares, pouco se tem falado sobre seu impacto ambiental.
O que são alimentos ultraprocessados?
Os alimentos ultraprocessados, ou AUP, são definidos como “formulações de ingredientes, na maioria de uso industrial exclusivo, que resultam de uma série de processos industriais” e contêm poucos ou nenhum alimento integral.
Eles são produzidos utilizando métodos industriais, que envolvem processos como moldagem, modificação química e hidrogenação. O consumo de AUP não é recente, sendo que produtos processados em escala industrial já eram comuns na Europa nos séculos XVIII e XIX.
O consumo desses alimentos tem crescido ao longo dos anos, com números alarmantes de consumo no Canadá e no Reino Unido, especialmente entre homens, jovens, pessoas de baixa renda e com problemas de obesidade. A acessibilidade e a durabilidade desses produtos, aliadas ao seu alto teor de açúcar, contribuem para essa tendência.
Impacto ambiental de alimentos ultraprocessados
- Em um artigo publicado no The Conversation, a consultora agrônoma Laila Benkrima discutiu esta questão.
- Como destacado por ela, os AUP têm um processo de fabricação intensivo em energia e envolvem cadeias de suprimentos longas, resultando em emissões consideráveis de gases de efeito estufa.
- Os impactos ambientais mais significativos dos AUP derivam das etapas pós-produção, em particular na criação do produto final e na embalagem.
- Aditivos como o óleo de palma, amplamente utilizado na indústria de alimentos, têm um impacto ambiental severo devido ao desmatamento de florestas biodiversas.
- O xarope de milho rico em frutose, outro componente comum dos AUP, deixa uma pegada de carbono substancial e está associado a problemas de saúde, como obesidade e diabetes.
- O desperdício gerado pelas embalagens plásticas dos AUP agrava ainda mais o problema, afetando a saúde do solo e a vida marinha.
Rumos para alimentação sustentável
Não há uma resposta simples para o problema, como ressalta o artigo de Laila Benkrima, mas existem alternativas que podem ajudar a reduzir a pressão sobre os recursos naturais disponíveis no planeta. A adoção de práticas agrícolas sustentáveis que priorizem a agricultura regenerativa, a redução de resíduos e o uso de ingredientes locais pode efetivamente reduzir o impacto de carbono dos AUP.
Além disso, ela sugere que as empresas devem adotar tecnologias eficientes no uso da água e apoiar iniciativas que restaurem habitats naturais, pois essas são etapas essenciais para a conservação da água e da biodiversidade. Órgãos públicos e de saúde precisam pressionar os governos a adotarem novas políticas e implementarem medidas que protejam a saúde pública e o meio ambiente.
Avanços na tecnologia agrícola podem desempenhar um papel fundamental na mitigação do impacto ambiental dos aditivos alimentares. Técnicas de agricultura de precisão, tomada de decisões baseada em dados e otimizações de cadeia de suprimentos impulsionadas pela IA podem melhorar a eficiência dos recursos e reduzir o desperdício.