Cartola acompanhou seleção em todos jogos da era Ancelotti e vai cuidar da preparação para a Copa do Mundo

Na saída do ônibus da seleção brasileira antes de qualquer jogo, tornou-se comum a presença de Gustavo Feijó. O cartola que foi vice-presidente da CBF e presidente da Federação Alagoana de Futebol ganhou o cargo de diretor de seleções desde que Samir Xaud assumiu a presidência da entidade, no fim de maio.
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Alagoano Gustavo Feijó vira diretor de seleções na CBF
A CBF, porém, nunca oficializou a nomeação do alagoano para o cargo. “É porque eu não gosto de oba-oba”, justificou o cartola em contato com o Estadão. “Não precisa de apresentação oficial”, disse ele, que passou a ser o homem de confiança de Xaud, enquanto outros dirigentes foram contratados na gestão passada.
Procurada, a CBF diz que, nesta gestão, a praxe é não fazer anúncios formais e afirma que a nomenclatura do posto que Feijó assumiu é diretor de futebol masculino. Na prática, porém, trabalha como diretor de seleções.
Feijó, de 56 anos, vai cuidar da preparação da seleção para a Copa. Ele ocupa o cargo mais importante do departamento e é remunerado por isso. Rodrigo Caetano, por exemplo, está abaixo dele. O gaúcho de 55 anos é coordenador executivo geral de seleções masculinas atualmente, com contrato até o fim da Copa do Mundo de 2026.
Alagoano Gustavo Feijó vira diretor de seleções na CBF

Quando foi contratado, em fevereiro de 2024, ainda na gestão de Ednaldo Rodrigues para substituir Juninho Paulista, Caetano ocupava oficialmente o posto de diretor de seleções, o que mudou quando Xaud foi eleito.
Ligado ao médico roraimense, Feijó voltou a ter prestígio na CBF e acompanhou a seleção em todos jogos, dentro e fora do Brasil, desde que retornou à entidade - contra Equador, Paraguai, Chile e Bolívia, pelas Eliminatórias, e nos mais recentes amistosos na Ásia com Coreia do Sul e Japão.
Quando Xaud foi eleito, Feijó disse que seu aliado transformaria a CBF em uma instituição “moderna, representativa e sintonizada com as verdadeiras necessidades do futebol nacional” e cuja imagem havia sido abalada por “gestões conturbadas”.
O cartola de Alagoas dá expediente na sede da entidade, no Rio, e é figura presente também nos treinos, reuniões e convocações de Carlo Ancelotti. Na prática, supervisiona todos assuntos ligados à seleção principal e também às de base, fazendo o elo entre a presidência e o departamento. Ele tem bom relacionamento com o ex-lateral Branco, atual coordenador do departamento de base da CBF.
Feijó também foi vice-presidente nas gestões de Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo. Dizia que atuava com discrição e “sem alarde”, embora costumasse fazer questionamentos. Questionou, por exemplo, a função dos auxiliares de Tite em 2021 e disse que aquela seleção tinha “deficiências”. O ex-treinador da seleção, soube a reportagem, não gostava que Feijó desse pitacos no trabalho da comissão técnica.
Feijó chegou a ser aliado de Ednaldo Rodrigues, relação que se deteriorou posteriormente. Em 2022, tentou concorrer à presidência da CBF, mas não conseguiu registrar sua chapa. Naquele ano, o alagoano buscou suspender o pleito que elegeria Ednaldo pela primeira vez.
Alagoano Gustavo Feijó vira diretor de seleções na CBF
Partiu de Feijó também o processo judicial que tornou turbulenta a passagem de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF. O dirigente alagoano, porém, foi um dos signatários do acordo homologado pelo STF em fevereiro de 2025 que poria fim às discussões judiciais e que, mais tarde, foi contestado no âmbito do mesmo processo por uma suposta assinatura falsa do coronel Nunes - fato que culminou na deposição de Ednaldo.
Seu filho, Felipe Feijó, atual presidente da Federação Alagoana, foi um dos nomes cogitados para ser o candidato a presidente na articulação das federações estaduais. Mas Xaud, de Roraima, acabou escolhido como cabeça da chapa.
Feijó já foi chefe de delegação da seleção em duas ocasiões, durante a campanha vitoriosa da Copa das Confederações em 2013 e nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Trata-se de um cargo figurativo e rotativo.
Naquela Olimpíada, o cartola se envolveu em polêmica ao gravar vídeos com Neymar e outros atletas para divulgar sua campanha à prefeitura de Boca da Mata. Como prefeito da cidade do interior do Alagoas, foi investigado por desvio de R$ 28 milhões da prefeitura local desde 2013, e chegou a ser afastado pelo Ministério Público local por 180 dias, em 2019.
Na época, a defesa do então prefeito afirmou que ele “jamais praticou ou colaborou para a prática de qualquer ato de improbidade”. O processo foi arquivado posteriormente.
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