Quanto vale viver? Quantos milhares e milhões de dólares são necessários para reparar a dor de uma família? E quando essa perda nos remete à uma análise social e econômica? É notável que a morte de George Floyd teve consequências estrondosas nos Estados Unidos e no resto do mundo. O movimento “black lives matters” (vidas negras importam) tomou proporções mundiais a pautou agendas políticas que vão desde o racismo até o abuso de autoridade policial e gerou críticas em diversos países, inclusive aqui no Brasil.
No último dia 12, a cidade americana de Minneapolis entrou em um milionário acordo com a família de Floyd e aceitou pagar nada mais, nada mesmo que 27 milhões de dólares como forma de reparação à forme de George. O próprio advogado da família, Bem Crump comunicou que essa decisão serve como uma poderosa mensagem de que vidas negras importam e de que a brutalidade policial deve acabar.
Entretanto, as demandas sociais estimuladas por esse movimento estão à uma longa distância da realidade da sociedade, e neste caso, abordo a realidade brasileira. É indiscutível que sistema de segurança pública brasileiro tem inúmeras falhas, principalmente a péssima valorização salarial do trabalho policial. E que, de fato, constitui imperfeições práticas em um efeito cascata. Assegurar multas milionárias para onerar o Estado não é a solução para a realidade brasileira, deixaria o Estado preso aos seus próprios deslizes (e endividado).
Que a reparação financeira possa significar mais no campo prático das ideias do que no campo jurisprudencial. Precisa-se evitar os erros antes de sua existência.