Augusto dos Anjos, um poeta que marcou a literatura brasileira e que nos deixou no auge dos seus 30 anos. Apesar de ter tido uma passagem breve (1884- 1914) o autor marcou a poesia cientificista. Paraibano, nascido no engenho de Pau d’Arco, atual município de Sapé, conheceu o período da decadência dos engenhos de cana-de-açúcar.
Assim, como toda pessoa de família economicamente favorável no Nordeste estudou no Liceu Paraibano, também estudou Direito na Escola de Recife (era um dos polos culturais brasileiros mais importantes que se organizou em torno da crença na superioridade da ciência no nordeste brasileiro – SILVA, 2010, p.7) e atuou como professor no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
O autor teve apenas uma obra publicada, conhecida como o EU, que contém 56 poemas. Para Silva (2010, p.41; 45) o poeta era “singular, diferente, provocador e considerado como um poeta do futuro, que trabalhou os sentidos dos homens modernos.
Em Minas Gerais na cidade de Leopoldina há o Museu Espaço dos Anjos, que é dedicado ao autor e está situado na casa em que o poeta viveu.
Aprecie abaixo um poema de Augusto dos Anjos
Psicologia de um Vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
As poesias de Augusto dos Anjos têm características marcantes, apresenta um forte pessimismo e destaca a morte. Além do que, tem muito rigor na forma de suas poesias com muitas metáforas.