Mulher negra, maranhense, que lutou contra opressão dos negros e mulheres no Brasil do século XIX
Primeira escritora negra de que se tem notícia em nossa literatura, se deve ao pioneirismo na denúncia da opressão a negros e mulheres no Brasil do século XIX. De origem maranhense, bastarda, como ela mesmo definiu, Maria Firmina dos Reis foi professora das primeiras letras na comarca de São José de Guimarães no Maranhão. Procurou a liberdade nas palavras ao produzir obra de forte combate ao período escravista brasileiro.
Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão, em 11 de outubro de 1825, no bairro de São Pantaleão, e morreu em 1917, na vila de Guimarães, interior da província, para onde se mudou aos cinco anos de idade.
Pouco se sabe sobre a vida de Maria Firmina dos Reis, sua história passa a ser recuperada em 1962 “pelo historiador paraibano Horário de Almeida em um sebo no Rio de Janeiro”, quando encontra um livro intitulado “Úrsula, de 1859”, um romance que retrata desde paixão, amor, traição e dramas, mas que apresenta uma leitura densa sobre os escravos do século XIX.
Além da obra Úrsula, Maria Firmina escrevia em jornais do período, com publicações de poemas e charadas. Outra obra de relevância da autora foi o livro “A escrava” em 1887, escreveu também o “hino de libertação dos escravos no Maranhão”
Salve Pátria do Progresso!
Salve! Salve Deus a Igualdade!
Salve! Salve o Sol que raiou hoje,
Difundindo a Liberdade!
Quebrou-se enfim a cadeia
Da nefanda Escravidão!
Aqueles que antes oprimias,
Hoje terás como irmão!
Criado em 1888, tal canção foi fundamental para que o movimento contra a escravidão ganhasse força e foi o grito de liberdade para muitos negros após a implantação da lei de abolição. Um hino que retrata a opressão dos escravos, mas que se analisado profundamente já discutia temas que estão presentes até os dias atuais, como o racismo, a liberdade dos negros, que ainda são oprimidos na sociedade atual, e que ainda lutam por respeito e direitos.
É importante termos uma leitura sobre uma autora como Maria Firmina dos Reis, pois ela nos permite compreender que, o enfrentamento as injustiças sociais são necessárias para que possamos dar voz a quem não tem. Maria Firmina foi uma mulher que merece ser lembrada constantemente por ter lutado, através de suas palavras, pelo não silenciamento da questão do escravismo no Maranhão da época.
Para Régia Agostinho da Silva podemos considerar “Maria Firmina como uma autodidata, por esforço próprio conseguiu romper a cadeia da exclusão das mulheres no mundo das letras”, como também deu voz aos cativos, e tratava-os na com respeito, dando a eles a humanidade que mereciam, ou seja, precisavam ser vistos como pessoas de direitos e em pé de igualdade com os brancos.
Maria Firmina dos Reis, merece ser ouvida, estudada e lida não só pelos nordestinos, pelos negros, mas por toda à sociedade brasileira, que precisa compreender que todos merecemos respeito, independente de nossa cor, origem, cultura ou religião.
Estudar é tão revolucionário, que muitas vezes somos impedidos(as) de termos acesso a uma boa educação. É por isso que o @escrevenordeste quer incentivar vocês a conhecerem um pouco do legado de autoras e autores do Nordeste, para você se inspirar e ir além (Raqueline da S. Santos)