Estudo aponta riscos da exposição excessiva de telas na primeira infância

Redação / Canal Tech 17/12/2025

Exposição a conteúdos inapropriados também se mostrou ter grande impacto na primeira infância

Estudo aponta riscos da exposição excessiva de telas na primeira infância
Estudo aponta riscos da exposição excessiva de telas na primeira infância (imagem: Pexels/Karola G)

O uso excessivo de telas na primeira infância traz impactos negativos ao sono, ao desenvolvimento cognitivo e à saúde ocular. É o que aponta o estudo Proteção à primeira infância entre telas e mídias digitais, divulgado nesta quarta-feira (17) pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI).

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Estudo aponta riscos da exposição excessiva de telas na primeira infância

A pesquisa revela que a exposição passiva ou excessiva às telas está associada a alterações nas estruturas cerebrais das crianças responsáveis pelo desenvolvimento da linguagem e da regulação emocional, bem como pela capacidade de frear impulsos.

“O maior uso de mídia digital está associado a alterações na anatomia do cérebro, como menor espessura do córtex e menor profundidade dos sulcos — ou seja, um cérebro com menos massa cinzenta e mais liso —, indicando potencial prejuízo ao processamento visual primário e a funções cognitivas de ordem superior, como atenção voluntária, codificação de memória complexa, reconhecimento de letras e cognição social”, destaca o texto do estudo.

Impactos de acordo com a faixa etária

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O levantamento revelou que crianças de dois anos com mais de uma hora de exposição diária às telas podem desenvolver problemas relacionados à linguagem, especialmente nos campos da compreensão e do vocabulário.

Já entre crianças de três anos expostas às telas por duas horas ou mais por dia, foi observado maior risco de problemas de comportamento, desenvolvimento e linguagem em relação àquelas que tiveram até uma hora diária de contato com telas.

O estudo também mostrou que a presença de televisão no quarto de crianças de 2 a 8 anos de idade foi associada a uma hora a mais de tempo de tela por dia, o que desencadeou problemas relacionados ao sono nesse grupo.

Qualidade do conteúdo acessado

A exposição a conteúdos inapropriados também se mostrou ter grande impacto na primeira infância. O estudo revelou que bebês de 6 a 18 meses com contato excessivo com programas de conteúdo adulto na TV apresentam mais transtornos invasivos do desenvolvimento e comportamento oposicional desafiante — padrões de desafio e hostilidade diante de regras impostas por adultos.

A pesquisa trouxe ainda evidências sobre como o conteúdo violento exibido nas telas pode afetar de diferentes formas a vida das crianças, incluindo o desenvolvimento de comportamentos hostis.

“A exposição a esses conteúdos nas diferentes mídias, como televisão, filmes, músicas e videogames, representa um alto risco de fomentar comportamentos hostis, dessensibilização à violência, pesadelos, ansiedade, depressão e medo de serem machucados, além de levar à aceitação da violência como forma apropriada de resolver conflitos e alcançar objetivos”, pontua o estudo.

Aumento do contato de bebês e crianças pequenas com a internet

O estudo também analisou o aumento do contato de bebês e crianças com a internet no Brasil, destacando números que, somados aos riscos já citados, exigem atenção redobrada de responsáveis, escolas e autoridades públicas.

Entre 2015 e 2024, o percentual de bebês de 0 a 2 anos com contato com a internet passou de 9% para 44%. No recorte de crianças de 3 a 5 anos, a proporção subiu de 26% para 71%, enquanto entre crianças de 6 a 8 anos o índice avançou de 41% para 82%.

Estudo aponta riscos da exposição excessiva de telas na primeira infância

Criança mexendo em tablet
Estudo revela que 44% dos bebês de 0 a 2 anos já têm contato com internet no Brasil (Imagem: Unsplash/Kelly Sikkema)

Medidas a serem adotadas

Diante desse cenário de aumento do uso de telas na primeira infância e em fases subsequentes, as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria, de acordo com as diferentes faixas etárias, são:

  • 0 a 2 anos: nenhuma exposição a telas e mídias digitais;
  • 2 a 5 anos: até uma hora por dia, sempre com supervisão de adultos;
  • 6 a 10 anos: até duas horas por dia;
  • 11 a 17 anos: até três horas por dia.

Além disso, há uma lista de cuidados gerais que devem ser adotados para mitigar os riscos relacionados ao uso excessivo de telas, como:

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  • Não usar dispositivos e mídias digitais de forma isolada no quarto;
  • Evitar o uso de dispositivos durante as refeições;
  • Adotar a mediação parental para monitorar o tempo de uso e a exposição a conteúdos;
  • Estimular atividades alternativas, como brincadeiras e a prática de esportes.

No âmbito dos órgãos públicos e das instituições privadas, o estudo faz um chamado ao apoio a legislações que regulam a publicidade voltada à infância no ambiente digital.

Ao mesmo tempo, especialistas sugerem a promoção de campanhas nacionais e a formação de profissionais voltadas à conscientização sobre os riscos do acesso precoce às telas, com foco principal na orientação das famílias.


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