Se você não pode vencê-las, junte-se a elas. Este é o princípio usado agora por cientistas para lidar com as superbactérias, as bactérias que desenvolvem resistência aos antibióticos.
Saehyun Kim e colegas das universidades de Chicago e San Diego (EUA) desenvolveram um dispositivo bioeletrônico que tira proveito da atividade elétrica natural de certas bactérias encontradas em nossa pele para lidar com as infecções de bactérias mais perigosas.
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Curativo bioeletrônico combate infecções sem usar antibióticos
Isso abre caminho para uma abordagem sem medicamentos para controlar as infecções – a resistência aos antibióticos é vista pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma das maiores ameaças à saúde humana.
O adesivo eletrocêutico flexível faz uma estimulação elétrica programável, fornecendo sinais elétricos suaves para bactérias em um nível específico de pH da pele, levando a mudanças temporárias em seu comportamento e prevenindo a formação de biofilmes – aglomerados de bactérias que podem levar a infecções graves.
Os testes mostraram que o dispositivo reduz os efeitos nocivos da Staphylococcus epidermidis, uma bactéria comum conhecida por causar infecções hospitalares e contribuir para a resistência a antibióticos.
Curativo bioeletrônico combate infecções sem usar antibióticos
Vantagens da técnica
Os pesquisadores destacam três vantagens adicionais de seu curativo bioeletrônico:
- Ativação direcionada: O dispositivo ativa respostas bacterianas apenas em ambientes ácidos, semelhantes às condições saudáveis da pele.
- Virulência reduzida: A estimulação elétrica reduz significativamente a atividade de genes nocivos em bactérias e inibe seu crescimento sem depender de antibióticos.
- Tratamento localizado: A tecnologia permite uma terapia direcionada, reduzindo os potenciais efeitos colaterais frequentemente associados aos tratamentos tradicionais com antibióticos.
“Nós descobrimos potenciais de ação em biofilmes bacterianos há quase dez anos e, desde então, temos trabalhado para mostrar que as bactérias, que normalmente não são consideradas excitáveis, são de fato excitáveis e até desempenham funções semelhantes aos neurônios no cérebro,” disse o professor Gurol Suel, coordenador da equipe, antecipando que o dispositivo poderá em breve ser usado em ambientes clínicos, especialmente para pacientes com feridas crônicas ou aqueles que têm implantes médicos.