Estudo internacional descobriu que o vírus chikungunya faz um “cavalo de troia” para entrar no cérebro e causar danos neurológicos
Uma a cada 1 mil pessoas diagnosticadas com chikungunya morrem em decorrência do vírus, uma taxa pouco maior do que a dengue. Agora, um estudo que incluiu pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriu os mecanismos biológicos que fazem os casos graves se tornarem fatais: um “cavalo de Troia” que entra no sistema nervoso e ataca o cérebro.
Estudo mostra o que faz a chikungunya ser tão fatal
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Como o vírus chikungunya vira fatal
Os pesquisadores Ingra Morales Claro, William Marciel de Souza e a professora Ester Sabino participaram do estudo internacional que investigou os mecanismos biológicos que fazem o vírus chikungunya levar a pessoa infectada à morte.
Os pesquisadores explicaram que o vírus foi encontrado no sistema nervoso central de pacientes que morreram em decorrência da doença.
Veja como foi a pesquisa:
- A investigação analisou amostras de sangue, líquido cefalorraquidiano (fluido biológico produzido e armazenado no cérebro) e tecidos de 32 pacientes mortos por chikungunya no Ceará;
- Eles também analisaram amostras de sangue de 39 pacientes com chikungunya que não evoluiu para se tornar grave e de 15 doadores de sangue saudáveis.
- Então, eles pesquisaram como o vírus chega no sistema nervoso central.
Cavalo de Troia
Eles descobriram que o vírus usa dois mecanismos para chegar ao cérebro.
O primeiro é o “cavalo de Troia”: assim como na mitologia grega, os monócitos (células do sistema imunológico) são infectados pela chikungunya e adentram o sistema nervoso central. Por lá, eles liberam o vírus, que se dispersa e causa danos neurológicos;
A segunda estratégia é quando o vírus chikungunya infecta células da barreira hematoencefálica (que protegem o sistema nervoso central e o cérebro) ao alterar duas proteínas dessa estrutura. Ela funciona como um filtro, que permite a entrada de oxigênio e nutrientes e impede a entrada de patógenos. Ao infectá-la, o vírus consegue transpassá-la.
Chikungunya
Os pesquisadores destacam que a doença pode aparecer em três formas diferentes: aguda, subaguda ou crônica. Na maioria dos casos, os pacientes têm febre alta, dor de cabeça, muscular e nas articulações, e manchas na pele por até três semanas.
Ainda, os sintomas podem durar mais tempo, com fadida e dores persistindo por até 90 dias. Se o vírus se espalhar, pode chegar a outros locais do corpo, como olhos, coração e o sistema nervoso.
Eles ainda lembram que o estudo ajuda a compreender a doença, essencial para planejar programas de imunização e evitar próximas epidemias.