Cerca de 30 bombeiros e dez viaturas foram empregados em ação
As ocorrências de combate a incêndio são algumas das mais complexas atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) principalmente quando envolvem ambientes com um grande acúmulo de material combustível.
E no último dia 16, por volta das 06h54, fomos acionados para um incêndio que chegou à nossa Central como em residência, no bairro do Inocop, no Eustáquio Gomes. Ao chegar ao local, as guarnições perceberam se tratar de um imóvel misto, de três pavimentos, onde funcionava uma fábrica de duchas higiênicas no térreo e residências nos andares superiores. Por se tratar de uma fábrica que utilizava bastante material plástico com grande estocagem, formando assim uma grande quantidade de material combustível, as guarnições empregadas perceberam um volume muito grande de chamas e fumaça e imediatamente buscaram técnicas para concentrar o incêndio no térreo, controlando as chamas para que elas não atingissem nem os pavimentos superiores e nem as casas circunvizinhas.
E assim foi feito. O comandante de socorro do dia, capitão Rafael Duarte explicou que assim que as guarnições chegaram ao local, isolaram a área e montaram linhas de combate na frente, na retaguarda e na lateral da edificação, iniciando o combate pelas áreas externas. “No local, observamos salas completas cheias de materiais de plástico e nossa preocupação inicial foi verificar se não havia vítimas no local e iniciar o resfriamento por fora da casa. À medida que as chamas foram diminuindo, nós conseguimos entrar na edificação e realizar o combate ofensivo pela parte interna”, explicou o capitão.
Além de água, também foi utilizado o LGE, líquido gerador de espuma, e o CO². Com isso, o material combustível queimado formou uma grande crosta resistente de plástico derretido com cerca de um metro de altura que conseguiu ser concentrado na área central do térreo da edificação.
Recursos Empregados
Foram empregados cerca de 30 bombeiros militares, 10 viaturas, sendo quatro viaturas de bomba e salvamento, quatro viaturas de combate a incêndio e uma viatura de resgate, além das viaturas do comandante de socorro e do superior de dia. No total, foram 16 horas e 30 minutos de ocorrência. Porém, até as 11 horas, as guarnições já tinham conseguido controlar o incêndio. A ocorrência perdurou por mais doze horas devido ao serviço de rescaldo que necessitou de um trabalho muito minucioso por parte dos bombeiros envolvidos, já que havia um grande volume de plástico queimado, camadas e camadas de material combustível e uma dificuldade no acesso às áreas mais próximas ao piso nos locais que este material estava concentrado.
Todos os bombeiros envolvidos na ocorrência não mediram esforços para combater as chamas e para não permitir que se alastrasse para as casas vizinhas. O capitão Duarte explicou que essa foi uma grande vitória e que cada um que esteve trabalhando nessa ocorrência, deu o seu melhor para diminuir os danos.
O fogo iniciou na fábrica, não atingindo os outros pavimentos superiores, porém, já por volta das 23 horas houve colapso estrutural em parte da edificação e na parede da residência lateral, que é geminada.
Projeto de Segurança e medidas pós-incêndio
A edificação não possuía laudo de vistorias, projeto de segurança contra incêndio e pânico, funcionava em uma área residencial e não possuía nenhum preventivo. O major Ailton Trindade, chefe de análises técnicas da Superintendência de Atividades Técnicas (SAT), explicou que tanto o laudo quanto o projeto são itens obrigatórios para estabelecimentos de médio e alto risco que possuem área total de 750m², ou inferior se possuir riscos específicos, como o comércio de explosivos ou líquidos inflamáveis.
“O estabelecimento atingido possui uma área maior do que 750m² e por isso necessitava dos documentos exigidos pelo CBMAL para funcionamento. Neste caso, um engenheiro qualificado instruiria no projeto as saídas de emergência, instalação de preventivos, procedimentos de segurança, dimensionamento de equipamentos e organização de estoque. Posteriormente, o projeto é analisado pelo setor responsável do CBMAL e se forem necessárias modificações de acordo com o estabelecimento, estas são repassadas para o engenheiro que precisará adequar o projeto para que a vistoria seja feita e o estabelecimento possa funcionar de maneira regular e autorizada”, explicou ele.
Com isso, fica o alerta para outros locais que funcionem sem a devida autorização para que procurem o Corpo de Bombeiros para se regularizar. A adequação desses locais dentro das normas do CBMAL pode prevenir a incidência de um incêndio ou diminuir o risco que ele atinja grandes proporções. O major Ailton também explica que é necessário renovar esse laudo anualmente junto ao Corpo de Bombeiros. “Uma vez instalado o sistema, ele tem que sofrer manutenções periódicas para verificar se está funcionando de maneira adequada ou se precisa de alguma reformulação”, elucidou o oficial.
No dia seguinte ao incêndio, a perícia do Corpo de Bombeiros compareceu à edificação para apuração das causas do ocorrido, porém foi verificada a impossibilidade da perícia ser realizada devido o alto risco de desabamento do imóvel. Ainda no dia 16, o comandante de socorro entrou em contato com a Defesa Civil Municipal para informar sobre o risco de desabamento do prédio, e então agentes compareceram ao local no dia seguinte e segundo o engenheiro civil Vitor Azevedo da Defesa Civil de Maceió, existe um alto risco na estrutura e não só o prédio, mas também as casas circunvizinhas foram isoladas e os moradores orientados. “Verificamos que pilares e barras já haviam sido comprometidos, que a laje entre o térreo e o primeiro piso cedeu, e que houve perda significativa da resistência da edificação. Por esse motivo, o risco de desabamento é grande e pode afetar as casas ao redor”, explicou o engenheiro.
Ele também informou à Assessoria de Comunicação do CBMAL que o proprietário já foi notificado e que cabe a ele tomar as medidas para demolição do prédio. Enquanto isso, corre-se o risco do incêndio reincidir, como ocorreu na madrugada do dia 21, porém não há mais o risco de atingir outros locais da edificação e das casas circunvizinhas.