A Americanas teve uma queda de aproximadamente 9,9% na base de clientes ativos desde dezembro de 2022 até maio de 2023, passando de 49,1 milhões para 44,2 milhões no intervalo.
As informações constam de relatório mensal divulgado na sexta-feira (30) pelos administradores judiciais da varejista, a Preserva-Ação Administração Judicial e o Escritório de Advocacia Zveiter.
O relatório indica também que a varejista fechou 43 lojas de janeiro de 2023 até 18 de junho, chegando a 1.837 unidades no país, um recuo de 2,3% no período.
Os dados coletados pelos administradores durante os últimos meses mostram ainda que o número de funcionários da varejista saiu de 40.426 em 13 de março para 36.971 em 18 de junho, uma queda de 3.455 colaboradores, ou de 8,5%.
Segundo o relatório dos administradores judiciais, a varejista foi obrigada a rever o modelo do negócio após o escândalo.
“O prazo de pagamento a fornecedores diminuiu consideravelmente após janeiro de 2023”, aponta o relatório, indicando a pressão das empresas em receber os recursos devidos pela Americanas.
Em junho de 2022, o prazo médio de pagamento aos fornecedores era de 97 dias, e alcançou 122 dias em dezembro. Porém, desabou para apenas quatro dias em maio de 2023.
A varejista afirma no documento que, em maio, estabilizou sua operação e retomou o fornecimento “com praticamente todos os fornecedores.”
Ao final de maio, a Americanas contava com um caixa disponível no valor de R$ 1,178 bilhão, uma queda de 48,4% em relação aos R$ 2,283 bilhões em dezembro do ano passado.
O relatório indica também que o total investido pela Americanas em suas operações em maio de 2023 foi de aproximadamente R$ 4,7 milhões, valor 95% menor do que a média de investimentos realizados entre junho de dezembro de 2022.
Os dados mostram ainda que, em maio de 2023 , o canal digital não recebeu investimentos.
As ações da Americanas encerraram o pregão na B3 nesta segunda-feira (3) cotadas a R$ 1,19, ante R$ 9,65 em dezembro de 2022, uma queda de 87,6%. O valor de mercado da varejista saiu de R$ 8,7 bilhões para R$ 1,07 bilhão no intervalo, segundo dados da Bloomberg.
A Americanas entrou em recuperação judicial no dia 19 de janeiro, com dívidas da ordem de R$ 43 bilhões com 16,3 mil credores.
O pedido de recuperação judicial aconteceu cerca de uma semana após o ex-presidente da empresa Sergio Rial assinar um comunicado ao mercado em que revelava a existência de R$ 20 bilhões em “inconsistência contábeis” no balanço da varejista.
No dia 13 de junho, portanto cinco meses depois de vir à tona um dos maiores escândalos corporativos da história do Brasil, a varejista assumiu que houve uma fraude no balanço.
Em resposta a questionamento feito pelos administradores judiciais que consta no relatório, a empresa afirma que “segue comprometida e engajada” com os credores a fim de alcançar uma solução para a dívida bilionária em aberto.
Em fato relevante divulgado no início de abril, a empresa afirma que a mais recente proposta apresentada aos credores financeiros indica um aumento de capital de curto prazo, em dinheiro, no valor de R$ 10 bilhões, acompanhado de dois aumentos de capital adicionais de até R$ 1 bilhão cada um, em datas futuras a serem acordadas.
Segundo apurou a Folha, a admissão de fraude não deve acarretar mudanças nas negociações com os bancos credores.
“Adicionalmente, conforme comunicado ao mercado, a companhia e alguns de seus credores financeiros concordaram em suspender temporariamente suas disputas judiciais em curso, visando permitir que as partes envolvidas foquem seus esforços na negociação de um plano de recuperação judicial que seja aceitável para a maior parte dos credores da companhia e que viabilize o futuro operacional da Americanas”, diz a varejista no relatório.
A empresa acrescenta que “restam alguns detalhes em fase de negociação, a serem adaptados na redação do plano de recuperação judicial”. Dentre eles, as condições dos potenciais aumentos de capital, bem como dados relativos ao aumento do valor do compromisso de capitalização dos acionistas de referência.