Quando o assunto é língua inglesa, o Brasil não vem apresentando bons resultados nos últimos anos. Recentemente, um índice de proficiência foi divulgado e o país ficou apenas na 59ª colocação e atrás de economias muito mais fracas, como Honduras e Guatemala.
O índice tem como principal objetivo buscar classificar países pelo nível das habilidades na língua inglesa. No caso, só adultos que realizaram o teste da English Live. 100 países e mais de 2 milhões de pessoas participaram.
Sem evolução desde 2013
O ranking da EF já é bem consolidado no mercado e este ano foi a sua nona edição. A última vez que o Brasil subiu de categoria aconteceu em 2013 e, desde então, não houve melhoria significativa.
O fato é que, em relação ao ano passado, o Brasil teve uma queda no índice e figurou ao lado do México como uma das maiores decepções do ranking entre os latinos.
O nível de proficiência do país continua sendo considerado baixo e o Brasil faz companhia com países como Tunísia, El Salvador, Irã, Bahrein e tantos outros nessa média da categoria.
Baixo nível de inglês afeta na vida profissional
Falar inglês é muito mais do que um simples luxo nos dias atuais. Com o mundo cada vez mais conectado em que fronteiras muitas vezes são apenas figurativas, saber esse idioma é fundamental para se inserir no mercado de trabalho.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Catho, site de classificados de emprego, o profissional que tem domínio do inglês tem estimativa de ter salário maior em até 61% em relação aos profissionais que não conhecem o idioma universal.
A Catho também concluiu que um gerente e diretor de empresa tem 56% do salário impulsionado quando fala inglês. Um trainee, estagiário e aprendiz aumenta em até 40%, enquanto um analista acrescenta 20% a mais de média em seu pagamento mensal por ter domínio do inglês.
Quais os motivos que explicam um número baixo no índice de proficiência?
Vale ressaltar que as duas primeiras versões da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que foram realizadas em 1961 e 1971, respectivamente, não tinham a língua estrangeira moderna no currículo escolar. Isso ajudou com que a geração passada não tivesse acesso adequado ao idioma inglês nas escolas.
Só em 1996, com a substituição dos 1º e 2º graus para ensilo fundamental e médio, que veio a obrigatoriedade de haver pelo menos uma língua estrangeira no ensino fundamental — apesar que a responsabilidade era apenas das escolas.
O cenário só realmente mudou há dois anos, quando em janeiro de 2017 o inglês ou espanhol passou a ser uma matéria obrigatória a partir do 6º ano do ensino fundamental.
Por ser algo relativamente novo, o ensino do inglês no Brasil em massa ainda é algo recente. Além disso, aproximadamente 75% da população estuda em escolas públicas e muitas vezes o ensino dessa língua não é amparado com investimento adequado por parte do Estado.
Um país com mais da metade da população sem ensino médio completado
Esse, talvez, é o principal problema que faz com que o Brasil tenha um baixo nível de inglês. Cerca de 52% dos brasileiros não têm o ensino médio completado e, consequentemente, a maioria esmagadora dessa porcentagem não tem domínio do inglês.
Pelo fato de que metade dos brasileiros só tem ensino fundamental, o ensino do inglês se torna algo privado a uma parte da população nacional. Isso faz com que o baixo nível desse idioma em aspecto nacional seja algo entendível.
Só 5% dos brasileiros falam inglês
Estima-se que apenas cerca de 5% da população brasileira tem bom nível de inglês, algo que preocupa visto que isso representa só aproximadamente 10 milhões de pessoas em um país com mais de 200 milhões de habitantes.
Em setembro deste ano, o site Exame fez uma matéria indagando o fato de que apenas uma pequena parcela da população brasileira tem domínio do inglês.
Além dos motivos de falta de estrutura adequada das escolas públicas e o ponto de que o inglês passou a ser obrigatório há pouco tempo, os brasileiros que pretendem aprender inglês querem um ensino relativamente rápido.
88% das pessoas que pretendem tomar aulas de inglês no Brasil querem que o ensino seja completado em no máximo dois anos. No entanto, segundo a Common European Framework of Reference, é necessário cerca de no mínimo 500 horas de estudo para chegar ao nível intermediário.
Outro aspecto é que a maioria dos países que contam com proficiência muito alta de inglês inserem essa língua desde cedo. O índice de crianças nos países nórdicos que falam esse idioma, por exemplo, é bem alto e na Europa não é incomum as pessoas serem educadas com dois idiomas.
No Brasil, o oposto acontece. Na maioria das vezes, o inglês é introduzido apenas no ensino fundamental e muitas vezes as poucas horas de aula por mês fazem com que a pessoa não tenha a formação ideal para dominar a língua.
Todos esses pontos traçam um cenário pouco otimista do Brasil em relação à língua inglesa para o futuro. Para os próximos anos, qualquer aumento na proficiência já será um importante avanço, visto que não há melhorias no ranking da EF há seis anos.