Se os rios estão cheios e as cidades estão alagadas, por que falta água nas torneiras? A aparente contradição, bastante comum nos questionamentos por parte do público, é provocada por diversos fatores, explica a Águas do Sertão, concessionária responsável pelo abastecimento de 34 cidades do Agreste e Sertão de Alagoas. O principal deles é que a força das chuvas arrasta para os rios um grande volume de terra, lama, pedras, troncos, galhos e outros resíduos, o que acaba por comprometer a qualidade da água bruta nos pontos de captação, aumentando muito seu nível de turbidez.
Para evitar que esse aumento repentino de sujeira danifique as estruturas e filtros das Estações de Tratamento de Água (ETAs) ou afete a qualidade da água que é distribuída à população, o protocolo seguido pela Águas do Sertão e pela Casal (responsável pelo tratamento da água) prevê que se reduza a vazão ou suspenda temporariamente a entrada de água nas ETAs até que os mananciais atinjam os parâmetros mínimos necessários para o tratamento.
“Além disso, nesses períodos, nossas equipes precisam realizar paradas mais frequentes para limpar os sedimentos que se acumulam nos tanques e filtros, o que pode reduzir o volume de água tratada disponível na rede”, explica Roberto Correa, gerente operacional da Águas do Sertão.
Outro motivo é que as estruturas de energia elétrica também são afetadas pelo excesso de chuvas – e as quedas de energia, que se tornam mais constantes nesses momentos, impedem o funcionamento das motobombas dos poços e das ETAs ou, inclusive, danificam os equipamentos.
“Por último, é preciso considerar ainda que as fortes chuvas pioram as condições das vias e barragens, dificultando o acesso de nossas equipes de manutenção – que, mesmo assim, dedicam grande esforço para fazer com que a retomada do abastecimento ocorra no menor tempo possível”, afirma Roberto.
Com aproximadamente R$ 30 milhões investidos nos últimos meses, a Águas do Sertão já tem conseguido melhorar o abastecimento em várias localidades atendidas por seu contrato de concessão. “É importante saber que nenhum sistema de saneamento básico é dimensionado para atender os transtornos causados por chuvas muito intensas”, afirma Roberto Correa. “Mas nosso planejamento prevê melhorias em diversas estruturas ao longo dos próximos anos que, certamente, ajudarão a amenizar seu impacto na distribuição de água”, completa.