Quem ganha mais dinheiro tem maior felicidade? Depende

Por: Diário da Saúde  Data: 13/03/2023 às 17:07

Há um certo consenso de que dinheiro não traz felicidade. Mas, como todos parecem querer dinheiro e felicidade, os cientistas volta e meia tentam recolocar a questão.

Por exemplo, podemos perguntar: “As pessoas que ganham mais dinheiro são mais felizes no dia a dia?”.

Uma referência na área é uma pesquisa publicada em 2010, quando os professores Daniel Kahneman e Angus Deaton, da Universidade de Princeton (EUA), mostram que a felicidade diária aumentava à medida que a renda anual aumentava, mas acima de US$ 75.000 por ano ela se estabilizava e a felicidade estagnava.

Mais recentemente, o professor Matthew Killingsworth, da Universidade da Pensilvânia, repetiu a pesquisa e concluiu que a felicidade aumentou constantemente com a renda bem acima de US$ 75.000, sem evidência de um platô.

As duas equipes então resolveram se juntar para tirar a coisa a limpo, e convidaram a professora Barbara Mellers como árbitra, para que nenhuma das vertentes puxasse a sardinha para o lado da sua conclusão.

O trio concluiu que, em média, rendas maiores estão associadas a níveis cada vez maiores de felicidade. Aumente o zoom, no entanto, e a relação se torna mais complexa, revelando que, dentro dessa tendência geral, há um grupo infeliz dentro de cada subgrupo de renda, mostrando um aumento acentuado na felicidade com as rendas crescentes até US$ 100.000 anualmente, e depois se estabiliza.

Ou seja, a pesquisa dos professores Kahneman e Deaton foi confirmada, uma vez que, fazendo a atualização monetária – descontando o impacto da inflação – os US$ 75.000 de 2010 equivalem a US$ 102.000 em 2023.

Bem-estar e dinheiro
A professora Mellers, que atuou como árbitra, tem sua própria interpretação dos resultados, afirmando que bem-estar emocional e renda monetária não possuem uma ligação tão simples: “A função difere para pessoas com diferentes níveis de bem-estar emocional,” diz ela.

Especificamente, para o grupo menos feliz, a felicidade aumenta com a renda até US$ 100.000, depois não mostra mais aumento à medida que a renda aumenta. Para aqueles na faixa intermediária de bem-estar emocional, a felicidade aumenta linearmente com a renda e, para o grupo mais feliz, a associação acelera acima de US$ 100.000.

“O dinheiro é apenas um dos muitos determinantes da felicidade. O dinheiro não é o segredo da felicidade, mas provavelmente pode ajudar um pouco,” concluiu o professor Killingsworth.