O PT não quer a senadora Simone Tebet (MDB) como ministra do próximo governo. Mesmo assim, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, avisou aos membros da sigla que ela faz parte da cota de escolhas pessoais dele.
Lula gostou muito da convivência com Tebet durante o segundo turno das eleições, quando a senadora declarou apoio ao petista e correu o Brasil fazendo campanha. O político viu nela forte potencial e a considera como peça fundamental para o diálogo do governo com o Centro-Oeste. Além disso, o futuro chefe do Executivo afirmou a pessoas próximas que é grato ao esforço da ex-candidata do MDB na frente ampla contra Jair Bolsonaro (PL).
Se Tebet estava na crista da onda durante o período eleitoral, depois da vitória de Lula, deixou de ser unanimidade. A senadora fez mais de uma crítica pública ao Grupo de Transição e gerou ruidos com o PT. A lua de mel acabou pouco depois do anúncio de que ela não iria mais à Cop27 para cuidar da transição. Simone está no grupo de trabalho do Desenvolvimento Social.
Muito solicitada, a emedebista acabou declarando que o presidente eleito deveria anunciar o ministro da Fazenda para acalmar o Mercado. A afirmação soou como uma espécie de cobranças dentro do PT. O pior momento, porém, aconteceu quando Tebet cobrou equilíbrio social e fiscal. Para petistas, ela criou coro com a direita, como se o novo governo não estivesse buscando a responsabilidade com o Orçamento.
O incômodo foi geral dentro do partido de Lula e nomes importantes da legenda passaram a negociar para o MDB não indica-la como ministra. O partido quer pelo menos três ministérios. Um deve ficar com Renan Filho e a outra vaga será uma indicação do governador Jader Barbalho, por conta da influência que ele e Renan Calheiros têm junto aos parlamentares do MDB.
Se o PT não quer Tebet e o partido dela não pretende indicá-la, significa que a senadora está fora? Não. A coluna ouviu de dois integrantes da transição que Lula tem dito a aliados que Tebet não entra no acordo entre partidos. “Ela é companheira e faz parte da minha escolha”, teria dito o presidente eleito numa reunião de articulação.
O recado foi para evitar novos desgastes e acalmar os ânimos. Lula sabe que Simone colocou seu futuro político em jogo para apoiá-lo. Neste momento, dificilmente ela conseguiria se eleger no Mato Grosso do Sul e somente o uso da máquina pública poderia diminuir a resistência e reconstruir a relação da senadora com os eleitores do estado.
O petista já avisou que considerou as declarações dadas por ela como avaliações que não atrapalharam as negociações, e não se incomodou. Ainda que nomes importantes do PT tentem barrar, dificilmente vencerão a queda de braço com o presidente eleito. Tebet deve ser anunciada ministra já na primeira leva de anúncios, ao lado de Fernando Haddad (PT) e de Marina Silva (Rede).