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Redação

O poder dos sonsos

COMPARTILHE Whatsapp Facebook Twitter Data: 15/05/2017
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Nas idas e vindas, deparamo-nos com seres humanos de diferentes características morais e estilísticas. Há quem prefira viver calado, há quem prefira falar mais do que todos os leitores e colaboradores deste site juntos. Gente que gosta de muitas  ou poucas cores, roupa longa ou curta, que impõe voz grossa ou prefere a mansidão de sequer dizer algo. Em um olhar permeado pelas percepções mais comuns do meu cotidiano e de algumas leituras, trago para vocês uma única constatação: o poder dos sonsos. Sonsos são todos aqueles/as que são altamente contidos, inocentes ou isentos, os quais podem ser vistos até como desprovidos de defeitos ou imperfeições quaisquer. Não se expõem ao olhar depressa de ninguém, o que é até bom, de certa forma. Raramente tomam partido. Entretanto, levam isso muito a sério. Tomam a ‘sonsidão’ como característica diferencial e estilo de vida mesmo. Será que… Não me diga! Sério?! Eu não sabia! Nunca soube!  Ah, não estava entendendo. Como é isso?! Como é aquilo?! Ora, veja bem… Tudo bem que conhecemos pessoas que desfrutam, sem reservas, da disposição em perguntar muito por condicionantes outros. O grupo de pessoas que tento identificar e reconhecer seu poder, aqui, pelo contrário, faz do desentendimento fictício, da inocência inexistente e da ‘educação’ exagerada uma construção. Existe, a meu ver, quem se faça de tonto por escolha própria, deliberada e totalmente consciente. Ser sonso, atualmente, parece ser um projeto de poder. Os sonsos são extremamente poderosos, minha gente. E não se trata de uma idiotocracia, mas de uma retórica na qual se tenta fazer a melhor pagando de ‘lento’, porque assim a surpresa pode ser maior, a fofoca pode ser mera observação desmotivada e a ofensa é sempre sem querer. Ser sonso é uma vantagem porque não se dá a cara a bater com o vigor de vivente comum. Investe-se nas beiradas e o lucro provém da tranquilidade da não exposição. É no anonimato que o inocente, fingido, dissimulado e sonsamente construído passa a ser boa companhia; ou melhor, A boa companha, a melhor, talvez. Você, certamente, conhece alguém exatamente assim ou um pouco parecido. O fato é que ser sonso passou a ser um bom negócio. Ninguém precisa mais discutir, amar, odiar, sofrer, ter ou causar problemas. Basta se fazer inocente, dissimulado, morno e, consequentemente, sem inimigos. Por exemplo: para alguns, posso estar sendo muito maldoso em fazer constar tamanhas percepções. Eu poderia, muito bem, dizer que todas as pessoas são o que são, dizem o que pensam em boa medida e jamais se travestem de inocência ou passamento de banha. Na verdade, eu poderia, até, afirmar tudo o que já disse aqui, com a voz mansa, com palavras mais calmas, olhar desatento, de modo a nem citar aquilo que realmente quis dizer. O sonso raiz deixa implícito, investe na indução do receptor. – Fulano é uma pessoa tão boa, gosto muito dela. Admiro. Ela jamais seria capaz de fazer mal a alguém. Admiro demais ela. Tão fofa. MAS… PORÉM… PARECE QUE… Eu, sinceramente, não acredito nisso. Desculpe. Você já sabia, não era?! Podemos esquecer isso?! Nossa! Sério?! Ah, não sabia. Será que é verdade?! Que maldade. Eu jamais falaria de alguém. Foi-se o tempo em que eu enxergava, em todos a meu redor, a sinceridade robusta (às vezes, dolorosa) ou a inocência verdadeira. Além dos idiotas, existe também a categoria dos sonsos. Sonsos são poderosos.