A escalada da violência no Cabo de Santo Agostinho fez mais uma vítima neste domingo (5). A professora aposentada Edna de Souza Fonseca, 63 anos, foi assassinada perto de casa quando saiu para passear com seu cachorro, um poodle. Nem o animal escapou da ação violenta e foi baleado junto com a dona.
O homicídio aconteceu por volta das 7h. A professora saiu da Rua Aurora onde morava e foi seguida por dois homens a pé. Os disparos aconteceram na rua ao lado da dela, Coronel José Cisneiros, a 200 metros de distância do Batalhão da Polícia Militar no local. A professora foi baleada no rosto e o cachorro no tórax.
Segundo testemunhas, há um mês os traficantes tinham exigido que ela tirasse as câmeras de segurança da sua casa, que estaria atrapalhando a movimentação do grupo no local. Outros vizinhos teriam obedecido a ordem, mas ela manteve os quatro equipamentos de segrança funcionando.
O assassinato promovou comoção, porque Edna era muito querida na comunidade. Ela foi professora da rede municipal e diretora de escola, contribuindo para formar várias gerações de alunos. O caso volta a chamar atenção para o avanço do crime no Cabo de Santo Agostinho, que vem sendo acompanhado pela polícia, Prefeitura e Ministério Público, mas continua fazendo vítimas.
Território do medo
O avanço da criminalidade no Cabo de Santo Agostinho não é um movimento recente. Ganhou fôlego com a implantação da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, e dos estaleiros, quando mais de 42 mil homens trabalharam no pico das obras. Dinheiro circulando e gente de todo o Brasil vivendo na cidade favoreceu a explosão do tráfico de drogras. Mesmo com o fim das obras ö negócio” se consolidou e se expandiu. Hoje facções criminosas disputam o domínio dos territórios protagonizam a violência.
O Cabo de Santo Agostinho está no Top 3 do ranking de crimes violentos letais em Pernambuco, atrás apenas do Recife e de Jaboatão dos Guararapes, com populações bem maiores. Pelos dados da Secretaria de Defesa Social (SDS) do Estado, o município registrou um aumento de quase 40% entre janeiro e abril de 2022, na comparação com o ano passado, saltando de 51 para 70 assassinatos no período. Se continuar neste ritmo, vai ultrapassar bastante os 178 assassinatos de 2021.
Outa informação da SDS que chama atenção é a idade das vítimas. Quase 65% são jovens de 18 a 29 anos, o que alerta para a necessidade de reforçar políticas de prevenção, como empregabilidade ou descentralizar equipamentos como o Compaz, para tirar os jovens da situação de vulnerabilidade e evitar mais mortes.