O diagnóstico de letargia na pré-campanha de Lula à presidência, as negociações frustradas para aumentar a aliança petista e as declarações consideradas desastradas do ex-presidente colocaram a presidente nacional da legenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), na berlinda.
A apreensão em torno da campanha do PT vem ganhando corpo desde que as pesquisas eleitorais começaram a mostrar uma queda nas intenções de voto do ex-presidente e um avanço de Jair Bolsonaro.
O resultado das movimentações da janela partidária também é fator de preocupação. Encerrado o prazo para as trocas de partido, o PT manteve o mesmo tamanho que já tinha na Câmara e limitou-se a formar uma federação com duas legendas pequenas, o PCdoB e o PV.
Em contrapartida, o PL de Bolsonaro passou de 42 para 75 deputados, com a maior bancada da Câmara, e as outras duas principais legendas de sua base, o PP e o Republicanos, também cresceram de forma substancial.
Para esses setores do PT, a campanha está lenta e precisa ir para as ruas. Dizem que o último grande fato político envolvendo Lula foi a sinalização de que Geraldo Alckmin seria indicado como seu companheiro de chapa.
Até agora, o petista não se colocou formalmente como pré-candidato e ainda não começou a percorrer o país de forma ostensiva.
O diagnóstico desse grupo é que Lula não ganhará a eleição no primeiro turno, como queria, sem formar uma coalizão centrista já no primeiro turno.
Eles avaliam que a guinada à esquerda promovida por Gleisi após o impeachment de Dilma, a prisão de Lula e a derrota de Fernando Haddad para Bolsonaro estava alinhada com o contexto político da época, mas maculou sua capacidade de manobra com o empresariado e partidos fora da órbita esquerdista.
Mais do que o chamado “salto alto”, afirmam integrantes desta ala, o que tem mais prejudicado o ex-presidente é a deficiência na formação de alianças estaduais sólidas.
Um exemplo bastante lembrado é a desastrosa negociação em torno da sucessão do governador baiano Rui Costa, que custou à legenda o apoio regional do PP. Outro, a insistência em candidaturas pouco competitivas como Edegar Pretto, no Rio Grande do Sul, e a falta de interlocução com atores políticos de peso, como o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), na disputa fluminense.
“O jogo não está dado, a eleição não está ganha, muito longe disso”, afirmou um dos integrantes da Executiva que defende o nome de Wagner e vê com ”grande preocupação” a movimentação truculenta do Centrão para reeleger Jair Bolsonaro. “Esta não é uma eleição para disputarmos governos regionais. Nosso objetivo é voltar à Presidência, ganhar e governar”, resumiu.