A crise econômica aliada ao alto índice de desemprego no país criou um cenário quase perfeito para os oportunistas praticarem os famigerados esquemas de pirâmide, em que apenas alguns ganham dinheiro enquanto a maioria fica no prejuízo.
Confira abaixo algumas dicas de como identificar esse tipo de fraude.
O que são as pirâmides financeiras?
Em resumo, são negócios fraudulentos que lucram baseados em uma regra: o recrutamento de novos participantes. Normalmente, não há sequer a real comercialização de algum produto ou serviço envolvido no sistema.
A prática, inclusive, é proibida no Brasil e considerada crime contra a economia, visto que opera basicamente com ganhos ilegais.
Para atrair clientes e ocultar a fraude, os recrutadores costumam usar empresas de fachada.
Sinais de que algo está errado
Atualmente, os criminosos tentam disfarçar as pirâmides financeiras utilizando as redes sociais. Para isso, eles compartilham conteúdos que fazem com que muitas pessoas acreditem se tratar de um negócio confiável.
Como dito antes, um dos principais sinais de que um determinado negócio pode se tratar de uma pirâmide, é a promessa de ganhos fáceis e lucros altos.
É preciso ainda que fiquem claros outros fatores. Um deles é: se a empresa é desconhecida e não for fácil encontrar suas informações no Google, tenha cuidado! É possível que o seu CNPJ esteja sendo utilizado como fachada para disfarçar um esquema fraudulento.
A má notícia é que muitas vezes, as vítimas só se dão conta que estão envolvidas em uma fraude quando a pirâmide deixa de atrair clientes e, por consequência, se torna insustentável.
No fim, sem a entrada de recursos, não há como remunerar quem já está no esquema. Assim, o sistema entra em colapso, resultando em prejuízos para os envolvidos.
Como evitar cair nessa armadilha
A primeira dica é sempre pesquisar sobre um negócio antes de investir nele. É fundamental não se deixar enganar também com promessas de ganhos exorbitantes.
É o que explica o advogado Robert Beserra, que ressalta que o mercado de investimentos se tornou um disfarce para que alguns golpistas façam novas vítimas.
“Hoje a forma mais comum dessas pirâmides é a sua apresentação através de supostos investimentos em ações na bolsa de valores e também de investimentos em criptomoedas”, informa o especialista. “Com ares de requinte e de ser uma empresa especializada no ramo, pessoas com boa capacidade de persuasão, e um gráfico que demonstra como os investidores podem elevar as suas finanças, são a combinação perfeita para atrair as vítimas dos golpes de pirâmide.”
“Pessoas que acreditam não haver outro meio de multiplicar suas finanças, devastadas pelo desemprego e o desejo de multiplicar seu patrimônio, acabam caindo nesse tipo de situação”, acrescenta Robert.
Outra forma de se proteger contra as pirâmides financeiras é ver a situação do registro de uma empresa nos órgãos competentes:.
“No Brasil somente as corretoras estão autorizadas a intermediar a negociação de ativos, por isso os investidores devem ficar atentos e verificar se a instituição financeira está registrada na Comissão de Valores Mobiliários – CVM, além de consultar se a corretora é confiável através da BM&FBOVESPA e do Banco Central”, comenta o advogado.
Ele também alerta sobre a forma como as pessoas são convidadas para os esquemas. “Muitas pessoas estão entrando em pirâmides através de indicações de amigos e colegas que já estão dentro do esquema e que estão obtendo resultados e por isso confiam os seus investimentos a estes grupos.”
O que fazer se for vítima de um sistema de pirâmide?
Caso desconfie que está participando de um sistema de pirâmide, saiba que existem medidas judiciais que podem ser tomadas para tentar recuperar as perdas financeiras.
“Após cair em um golpe como esse, é possível recuperar os valores investidos por meio de ações indenizatórias. Hoje os Tribunais de Justiça estão muito atentos a estes tipos de golpes e dependendo dos fatos e provas apresentadas, é possível que o Juiz defira o pedido de Tutela de Urgência Cautelar, para que haja o bloqueio de bens dos responsáveis pela pirâmide, evitando que o patrimônio seja dilapidado ou ocultado”, finaliza o especialista.