A história da Dayene Caldeira, de 28 anos, é daquelas para inspirar muita gente! Ela cresceu na periferia do Rio de Janeiro e, quando pequena, estudava com os livros do lixo, que encontrava enquanto catava recicláveis para vender com a avó.
Hoje Dayene é doutora em ciências biológicas no Laboratório de Investigação Pulmonar da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e se inspirou justamente na doença da avó para procurar ajuda para outras pessoas. Ela está fazendo uma pesquisa para desenvolver uma terapia para tratar a asma.
“Eu conheci a ciência através de livros do lixo, aprendi inglês através do lixo. Essa parte da minha vida é muito importante e por algum tempo eu escolhi para quem eu iria dizer isso. Mas eu resolvi que deveria me apropriar da minha história, sendo ela boa ou não. E quando a gente compartilha isso, temos a capacidade de alcançar pessoas que a gente nem conhece e que podem se inspirar”, conta a cientista.
Melhorar a qualidade de vida
O estudo de Dayene é feito sob uma nova perspectiva, na qual ela pensa em melhorar a qualidade de vida do paciente e, se possível, recuperar totalmente o tecido pulmonar.
Ela conta que não tem como falar em cura no momento, mas sabe que esse é o maior propósito da Ciência, quando estuda uma doença.
A pesquisa ainda está na fase de estudos pré-clínicos, com testes in vitro e em animais e deve durar até o fim do doutorado dela, previsto para 2024.
Os testes clínicos, com seres humanos, vão fazer parte do pós-doutorado de Dayane. Ela viajará no final do ano para continuar as pesquisas na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos.
Se inspirou na avó
Dayene conta que viu a avó sendo internada muitas vezes com crises de asma. Com o passar dos anos, ela viu que não havia um tratamento tão efetivo para esses pacientes e resolveu iniciar a pesquisa.
Ela conta que quer ajudar principalmente pessoas como a avó dela, que nunca teve acesso a tratamentos de ponta.
“Minha família é uma família de mulheres negras que fazem parte dessa [maioria da] população que não teve acesso à saúde. Minha avó nunca teve acesso a medicações ou a terapias avançadas como essa que desenvolvo hoje”, explica Dayene.