O paracetamol é um medicamento da ordem dos analgésicos e antitérmicos muito usado no Brasil e no mundo. Um bom exemplo do quão popular esse medicamento é o fato de você encontra-lo em qualquer farmácia. Não importa aonde você esta no Brasil, dificilmente vai ter dificuldade para obter paracetamol. Muitas pessoas estão acostumadas com essa substância para controlar dores ou febres.
O problema é que, muitas vezes, quando algo se torna “popular”, as pessoas acabam se esquecendo dos riscos. O paracetamol é aquele típico remédio, por exemplo, que os pais não tem tanto cuidado de manter em locais de difícil acesso para os filhos, dentre outros exemplos.
A falta de cuidado não é sinal de irresponsabilidade, mas uma manifestação de como o senso comum já foi formado a respeito do medicamento. Ninguém espera que ele possa oferecer risco, então ninguém tenta ter cuidado. A mesma coisa vale para outros remédios de uso comum, especialmente analgésicos, como dipirona.
No entanto, cientistas recentemente publicaram um alerta chamando a atenção justamente para os eventuais riscos que o paracetamol pode criar, especialmente em pacientes gestantes. Como toda e qualquer droga, o paracetamol exige cuidados e a informação é a melhor forma de tomar tais cuidados.
Para grávidas, o leque de opções é bem pequeno e um estudo publicado no Nature Reviews Endocrinology sugere que paracetamol não deve fazer parte da lista. No Brasil, o paracetamol durante a gravidez não é proibido ou desencorajado, mas os especialistas recomendam que o uso seja feito sempre com acompanhamento médico. Já em outros lugares do mundo, cada agência reguladora determina as regras.
O que diz o estudo
“Revisamos a pesquisa sobre o uso de paracetamol durante a gravidez de 1995 a 2020 e encontramos um crescente corpo de evidências que sugere que a medicação pode alterar o desenvolvimento fetal, aumentando o risco de desenvolvimento inadequado dos órgãos reprodutivos e de distúrbios neurológicos, principalmente déficit de atenção e hiperatividade transtorno (TDAH) e anormalidades comportamentais relacionadas, mas também transtorno do espectro do autismo (ASD), atrasos de linguagem, diminuição do QI e transtornos de conduta”, explicou, Ann Bauer, uma das autoras do artigo, em um comunicado.
O que o estudo questiona é o seguinte: o paracetamol é usado por uma porcentagem massiva de mulheres. Sendo assim, se tudo é em grande escala, não importa o quão mínimo são os possíveis efeitos colaterais, ainda assim são capazes de atingir muitas pessoas. Em questões percentuais, se torna um problema que exige atenção.
O estudo não impõe que grávidas não usem paracetamol, mas orienta cautela. Além disso, o estudo também aponta que o tempo da gestação também influencia. Para grávidas com menos de 10 semanas, por exemplo, os riscos oferecidos pelo paracetamol podem ser muito maiores. Já para gestações que passam de 10 semanas, se torna improvável essa reação.
Para qualquer gestante, portanto, é importante estar em dia com os exames e o acompanhamento médico. O monitoramento do desenvolvimento do bebê é importante, bem como o monitoramento da saúde da mamãe. O uso de paracetamol não pode ser feito sem cuidado.